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Tio-avô das crianças resgatadas na selva colombiana fala ao Correio: "Estão acabadas"

As quatro crianças — com idades entre 13 e 11 meses — foram encontradas com vida após 40 dias perdidos na Amazônia colombiana. Em entrevista ao Correio, o tio-avô contou que os netos ficaram caminhando pela selva, e não se encontraram com nenhum animal

Rodrigo Craveiro
postado em 10/06/2023 10:20 / atualizado em 12/06/2023 16:18
Fidencio Valencia, avô das quatro crianças colombianas desaparecidas na Selva, falou com exclusividade ao Correio, por telefone, logo após o resgate
 -  (crédito: Reprodução/AFP)
Fidencio Valencia, avô das quatro crianças colombianas desaparecidas na Selva, falou com exclusividade ao Correio, por telefone, logo após o resgate - (crédito: Reprodução/AFP)

Depois de 40 dias de aflição e de medo, os avós das quatro crianças resgatadas na selva colombiana reencontraram os netos na manhã deste sábado (10/6), em um hospital militar de Bogotá. Cansado, depois de uma viagem de mais de cinco horas de Villavicencio, no departamento de Amazonas, até a capital colombiana, Bogotá, Fidencio Valencia, tio-avô dos meninos, falou com exclusividade ao Correio, por telefone.

"Vocês falam do Brasil!", reagiu, surpreso. "Aqui, eu os encontrei. Em primeiro lugar, devo dar graças a Deus, porque estão com vida. Agora, eles estão em tratamento. Eu lhes dei alegria. Fiquei contente, vendo, emocionado, com os meninos e as meninas, que são tão guerreiras", afirmou Valencia. "As crianças ficaram caminhando pela selva. Mas nada lhes aconteceu. Não se encontraram com nenhum animal. Nada, nada", disse.

De acordo com o tio-avô, os quatro netos estão "muito acabados". "Pouco a pouco vamos perguntando algumas coisinhas para eles, mas precisamos deixar que descansem. Estão assustados, por seus corpos e por todos os ruídos na selva. Quase nada falaram", comentou Valencia. "Agora, é esperar que isso tudo passe e vamos falando com eles pouco a pouco." O tio-avô disse que o reencontro com os netos ocorreu por volta das 4h deste sábado (6h em Brasília). Ao ser perguntado como ficou o coração de tio-avô ao vê-los vivos, ele respondeu: "Alegre, contente".

As quatro crianças — Lesly Jacobombaire Mucutuy, de 13 anos; Soleiny Jacobombaire Mucutuy, 9; Tien Noriel Ronoque Mucutuy, 4; e Cristin Neriman Ranoque Mucutuy, de 11 meses — estavam desaparecidas na selva desde 1º de maio, quando o avião em que viajavam caiu, a 175km da cidade de San José del Guaviare. A mãe dos meninos e o piloto morreram no acidente.

  • Nesta foto de apostila divulgada em 9 de junho de 2023 pela Presidência da Colômbia, militares atendem quatro crianças indígenas que foram encontradas vivas depois de passar mais de um mês perdidas na selva amazônica colombiana após a queda de um pequeno avião. Divulgação / Presidência da Colômbia / AFP
  • Uma das quatro crianças indígenas que foram encontradas vivas após 40 dias perdidas na floresta amazônica colombiana após um acidente de avião, é esticada para fora de um avião ao pousar na base militar CATAM em Bogotá em 10 de junho de 2023 Juan BARRETO / AFP
  • Nesta foto de apostila divulgada em 9 de junho de 2023 pela Presidência da Colômbia, militares atendem quatro crianças indígenas que foram encontradas vivas depois de passar mais de um mês perdidas na selva amazônica colombiana após a queda de um pequeno avião. Divulgação / Presidência da Colômbia / AFP

40 dias de angústia 

A confirmação do resgate das crianças foi feita pelo próprio presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pelo Twitter. “Uma alegria para todo o país”, escreveu. 

Em 1º de maio, poucos minutos depois de levantar voo, o avião que levava as crianças apresentou uma falha no motor e caiu em meio à selva amazônica. A mãe das crianças, o piloto do avião e o diretor da Fundação de Profissionais Indígenas Yetara morreram no momento da queda. As quatros crianças que sobreviveram, se afastaram do local do acidente e caminharam floresta adentro.

Desde o momento do acidente uma equipe de resgate foi montada. Cerca de 15 dias depois do início das buscas, o avião foi encontrado junto com os corpos do piloto, do líder indígena e da mãe das crianças. De acordo com o jornal colombiano El Nuevo Siglo, 100 militares, cães farejadores e 70 indígenas participaram das buscas.

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