O papa Francisco, de 86 anos, foi submetido, nesta quarta-feira (7), a uma cirurgia de hérnia abdominal com anestesia geral. A intervenção foi realizada em Roma e concluída sem complicações, informou o Vaticano.
Essa operação "benigna", decidida na terça-feira, não deixará sequelas, explicou, em coletiva de imprensa, o doutor Sergio Alfieri, chefe da unidade de cirurgia digestiva complexa do hospital Gemmeli, em Roma. Ele acrescentou que Jorge Bergoglio não sofre de nenhuma outra doença.
A intervenção, que durou três horas na presença de diversos médicos, consistiu de uma laparotomia (incisão no abdômen) e a colocação de uma prótese.
"A operação, preparada nos últimos dias pela equipe médica que atende o Santo Padre, tornou-se necessária por causa de uma hérnia incisional que provoca síndromes de obstrução recorrentes, dolorosas e em vias de agravamento", explicou, em um comunicado, o diretor do serviço de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.
As audiências do papa foram canceladas até 18 de junho "por precaução", segundo o serviço de imprensa da Santa Sé, pois a intervenção exigirá de "vários dias" de hospitalização.
- Antecedentes médicos -
Depois de dirigir, como faz todas as semanas, a audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano, e saudar os fiéis a bordo do "papamóvel", o pontífice foi levado sob escolta policial ao hospital Gemelli, no noroeste da capital italiana.
Após a operação, o pontífice retomará o exercício de seu ministério, "mesmo que seja de uma cama de hospital", disse à imprensa o número 2 da Santa Sé, o cardeal Petro Parolin. "Em casos urgentes, será levado para o hospital", acrescentou.
"O papa está alerta e consciente e agradece as inúmeras mensagens de proximidade e oração que chegaram a ele", declarou Alfieri, que já havia operado o papa em 2021.
Francisco "reagiu bem tanto à operação quanto à anestesia" e "brincou comigo", acrescentou o médico.
Na manhã de terça-feira, o papa compareceu ao hospital Gemelli e foi submetido a "exames", mas o Vaticano não revelou detalhes.
Em julho de 2021, Francisco permaneceu quase 10 dias internado no mesmo hospital para uma cirurgia de cólon, do qual teve extirpada uma parte. O próprio papa afirmou que sofreu "sequelas" da anestesia na ocasião.
No fim de março, Francisco, eleito papa em 2013, voltou a ser internado no hospital Gemeli para tratar uma infecção respiratória, que exigiu o uso de antibióticos.
Francisco declarou há duas semanas, em entrevista ao canal Telemundo, que a "pneumonia" foi tratada "a tempo" e que se ele decidisse esperar por mais algumas horas, o caso poderia ter sido mais grave.
- Saúde frágil -
Após a cirurgia desta quarta-feira, o pontífice vai permanecer internado no 10º andar do hospital Gemelli, no mesmo quarto onde ficou o papa João Paulo II, que foi operado em várias ocasiões neste centro médico.
Jorge Bergoglio também sofre dores crônicas no joelho direito, que o obrigam a usar uma cadeira de rodas ou uma bengala em seus deslocamentos.
A saúde de Francisco provoca com frequência especulações sobre uma eventual renúncia. Ele já declarou em várias oportunidades que cogitaria deixar o cargo - como fez o antecessor, Bento XVI, falecido em 31 de dezembro -, caso sua saúde o obrigasse, mas recentemente afirmou que a ideia não estava em seus planos.
Apesar da saúde frágil, Francisco mantém a agenda de viagens. No início de agosto, ele viajará a Lisboa para as Jornadas Mundiais da Juventude. No mês seguinte, o papa visitará a Mongólia e Marselha, cidade do sul da França.
O papa é acompanhado de forma permanente por uma equipe médica, tanto no Vaticano quanto em suas viagens ao exterior.
O dispositivo é necessário, sobretudo porque Francisco tem um histórico médico complexo: aos 21 anos, sofreu uma pleurisia, condição grave que resultou na ablação parcial de um pulmão.
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