Juan Guaidó, deputado venezuelano que se autodeclarou presidente da Venezuela em oposição a Nicólas Maduro entre 2019 e 2022, rebateu as críticas feitas por Lula (PT), que classificou como “absurdo” o reconhecimento de Guaidó como presidente legítimo do país vizinho do Brasil nos últimos quatro anos.
Nesta terça-feira (30/5), Guaidó disse que o “ataque” de Lula serve para “evitar o óbvio: ele apoia quem é acusado de torturar a oposição, de terrorismo e narcotráfico e de criar a maior crise de deslocamentos do continente”.
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“O presidente Lula pode me atacar, mas ele vai falar sobre eleições e direitos humanos”, acrescentou o deputado venezuelano pelas redes sociais. O parlamentar também afirmou que o petista, “por laços ideológicos e econômicos, revitimiza o povo venezuelano ao negar o caráter ditatorial de Maduro”.
“Esqueça os assassinatos, as vítimas, a destruição da Amazônia e os milhões de migrantes. Atitudes negacionistas de chefes de Estado são um aval para que indivíduos como Maduro continuem agindo impunemente”, criticou Guaidó.
Resposta as posições de Lula
A fala de Lula foi feita em um pronunciamento conjunto com Maduro, no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (29/5). Os líderes se encontraram antes da reunião de cúpula dos países da América do Sul, marcada para esta terça-feira (30/5).
No pronunciamento, o presidente brasileiro comemorou o retorno da Venezuela aos fóruns internacionais e disse que o país é “democracia” e que versões diferentes que divergem do regime em vigor da Venezuela são uma “narrativa política”. “Eu briguei muito com companheiros social-democratas europeus que defendem a democracia e que não entendiam que a Venezuela é uma democracia”, disse Lula ao lado do colega venezuelano.
Em seguida, Lula criticou aqueles que reconheceram Guaidó como líder do venezuelano. “Eu achava a coisa mais absurda do mundo, para pessoas que defendem a democracia, negarem que você era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo, e o cidadão que foi eleito para ser deputado fosse reconhecido como presidente da Venezuela”, afirmou Lula.
Guaidó foi o líder opositor a Maduro por cinco anos, desde a última eleição do país, antecipada por Nicolás e não reconhecida pela oposição. Maduro tomou posse como presidente reeleito e Guaidó, que era presidente da Assembleia Nacional (Parlamento Venezuelano) se autodeclarou presidente interino do país — posição que exerceu até 2022.
O embate não enfraqueceu Maduro, que continua a ocupar o cargo em um mandato que está previsto para terminar em 2024.