A Coreia do Norte confirmou que lançará um satélite de espionagem no mês que vem, para monitorar os movimentos militares dos Estados Unidos e de seus parceiros em tempo real, anunciou a agência de notícias oficial KCNA nesta terça-feira (30/5, tarde de segunda em Brasília).
O "satélite número 1 de reconhecimento militar" será "lançado em junho" para "enfrentar as perigosas ações militares dos Estados Unidos e seus vassalos", disse Ri Pyong Chol, vice-presidente da comissão militar central do partido governante, citado pela KCNA.
O Japão afirmou nesta segunda-feira que Pyongyang lhe havia notificado que planejava lançar um satélite nas próximas semanas.
O gabinete do primeiro-ministro Fumio Kishida tuitou que autoridades japonesas acreditavam que o lançamento envolveria um "míssil balístico".
De acordo com Tóquio, Pyongyang informou à Guarda Costeira japonesa que lançará um foguete entre 31 de maio e 11 de junho, que cairá nas águas do Mar Amarelo, do Mar da China Oriental ou do leste da Ilha de Luzon, nas Filipinas.
O satélite, juntamente com "vários meios de reconhecimento que tem que ser testados, são indispensáveis para rastrear, monitorar e lidar antecipadamente e em tempo real com os perigosos atos militares dos Estados Unidos e de suas forças vassalas", expressou o líder norte-coreano.
Ri Pyong Chol citou "ações temerárias" de Washington e Seul para indicar que Pyongyang sente "necessidade de expandir os meios de reconhecimento e informação e melhorar várias armas de defesa e ofensivas". O funcionário também acusou os Estados Unidos de realizarem "atividades de espionagem aérea na península coreana e em seus arredores", segundo a KCNA.
Mais testes
"A Coreia do Norte está justificando e tentando legitimar o próximo lançamento de um satélite militar de reconhecimento ao culpar os exercícios militares conjuntos Washington-Seul", declarou à AFP Yang Moo-jin, reitor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.
Ele destacou que, embora os satélites e mísseis balísticos tenham missões diferentes, sua tecnologia é idêntica.
"Se a Coreia do Norte lançar um satélite, o país violará as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que proíbem qualquer lançamento com tecnologia de míssil balístico", acrescentou.
Testes de mísseis balísticos realizados pela Coreia do Norte em 2012 e 2016 foram denominados lançamentos de satélites. Ambos sobrevoaram a ilha de Okinawa, sul do Japão.
A Coreia do Norte intensificou seus lançamentos de mísseis nos últimos meses, alguns dos quais ativaram os sistemas de emergência em partes do Japão. O desenvolvimento de um satélite de reconhecimento foi um dos principais projetos de defesa de Pyongyang revelados no ano passado pelo líder norte-coreano, Kim Jong Un.
Como foguetes de longo alcance e lançadores espaciais compartilham a mesma tecnologia, analistas consideram que desenvolver a capacidade de colocar um satélite em órbita permite a Pyongyang encobrir testes de seus mísseis balísticos intercontinentais, proibidos.
O ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul condenou os planos de lançamento do Norte.