Lisboa — Representantes de indígenas, liderados por Tapi Yalawapiti, presidente honorário da AFV Rainforest Organization, fundada pelo Cacique Raoni, fizeram um périplo por Portugal em busca de apoio financeiro para projetos que visem à proteção do Parque Nacional do Xingu e de outras áreas demarcadas pelo governo. Eles se encontraram com o presidente português, Marcelo Rebelo de Souza, que se comprometeu a abrir portas para possíveis doações.
São muitos os projetos de interesse dos indígenas, que têm lutado, sistematicamente, contra a invasão de suas terras, a contaminação dos rios e a destruição da floresta. O relato feito por eles ao líder português foi preocupante, sobretudo depois do descaso em relação aos povos originários durante o governo de Jair Bolsonaro. A falta de apoio do ex-presidente às questões indígenas virou munição para agentes do crime que ameaçam as áreas de proteção.
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Ciente dos problemas, Rebelo de Souza convocou o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, para que ajude no processo de atração de parceiros para a fundação comandada por Raoni. Segundo Carreiro, o presidente luso lhe recomendou que procurasse pessoalmente o chefe do Centro Ismaili em Lisboa, Nazin Ahmad, e o embaixador do Kwait no país europeu, Hamad Ali Alhazeem, para apresentar as propostas dos indígenas.
“Fizemos várias reuniões e, em todas, houve uma receptividade muito boa em relação às pautas detalhadas pelos indígenas”, disse o embaixador brasileiro. Ele assinalou que tanto Ahmad quanto Alhazeem pediram aos indígenas que apresentem projetos formais para serem analisados e apoiados. Ficou claro, em todos os encontros, que os indígenas são peças centrais na proteção da Floresta Amazônica, que está sob ameaça, ante o aumento do desmatamento.