O influente senador Ike Ekweremadu, ex-vice-presidente da câmara alta do país, foi condenado nesta sexta-feira (05) a mais de nove anos de prisão em Londres, por querer obrigar um jovem nigeriano a extrair um rim para transplantá-lo a sua filha.
O parlamentar de 60 anos e sua esposa Beatrice, assim como o médico Obinna Obeta, que atuou como "intermediário", foram declarados culpados em março por levar um jovem nigeriano pobre ao Reino Unido para remover um rim.
A filha do casal, Sonia, de 25 anos, que iria receber o órgão, também foi a julgamento, mas acabou absolvida.
O juiz do tribunal criminal de Londres, Jeremy Johnson, criticou na sexta-feira o político por ter participado de um "comércio desprezível" que se aproveita da "pobreza, miséria e desespero" de pessoas vulneráveis, condenando-o a nove anos e oito meses de prisão.
Os eventos ocorreram entre 1º de agosto de 2021 e 5 de maio de 2022.
Depois de viajar para Londres com a promessa de 7.000 libras (US$ 8.800 ou R$ 44.088) e a chance de morar e trabalhar no Reino Unido, a vítima - um vendedor ambulante de 21 anos de Lagos - percebeu que havia sido enganado após ser submetido a exames médicos em um hospital do noroeste de Londres.
Ele recusou a intervenção, em maio de 2022, e fugiu para alcançar a polícia "em busca de alguém que salvasse a vida", explicou durante o julgamento.
Em março, a chefe da unidade de luta contra a escravidão moderna da polícia de Londres, Ester Richardson, chamou a condenação de "significativa" e elogiou a coragem da vítima em se apresentar.
No final, o transplante não aconteceu e a família Ekweremadu foi detida no aeroporto de Heathrow, em Londres, em junho de 2022. Desde então, Ike Ekweremadu está preso devido ao risco de fugir do Reino Unido.
O julgamento em Londres foi altamente acompanhado na Nigéria, onde a família Ekweremadu tem "poder e influência", segundo a Promotoria.
Ekweremadu permanece oficialmente como membro do Parlamento até que o novo Senado, eleito no início do ano, tome posse.
Eleito em 2003 senador de Abuja pelo Partido Democrático Popular (PDP), da oposição, o político não pôde concorrer nas últimas eleições porque estava em prisão preventiva.
Em uma declaração emitida pela polícia após a sentença em março, a promotora Joanne Jakymec criticou o "total descaso dos réus pelo bem-estar e saúde da vítima".
Ela pontuou também que Ekweremadu utilizou sua "influência considerável" para tentar tirar vantagem de uma vítima que tinha apenas uma "compreensão limitada do que realmente estava acontecendo".