GUERRA NO LESTE EUROPEU

Rússia diz que Ucrânia e "patrocinadores ocidentais" criam obstáculos à paz

Chefe da diplomacia russa afirma, durante encontro com emissário chinês, que a Ucrânia e "seus patrocinadores ocidentais" criaram dificuldades nas negociações de uma solução pacífica para o conflito

Correio Braziliense
postado em 27/05/2023 05:00
Sergei Lavrov (de frente) conversa com Li Hui, em Moscou: elogios à postura de Pequim -  (crédito:  AFP)
Sergei Lavrov (de frente) conversa com Li Hui, em Moscou: elogios à postura de Pequim - (crédito: AFP)

Apesar de reiterar o compromisso do Kremlin com uma saída político-diplomática para a guerra com a Ucrânia, o chanceler russo, Sergei Lavrov, apontou, ontem, dificuldades para se alcançar a paz ao receber o enviado chinês Li Hui, em Moscou. Para o chefe da diplomacia de Vladimir Putin, Kiev e "seus patrocinadores ocidentais" criaram "sérios obstáculos" para o fim do conflito. Li Hui, embaixador chinês na Rússia por uma década (entre 2009 a 2019), foi designado por Pequim para buscar possíveis soluções aos combates.

Enquanto Lavrov e Hui discutiam alternativas no gabinete, distante dali os ataques prosseguiam intensos. Moscou bombardeou uma clínica médica na cidade ucraniana de Dnipro com mísseis e acusou Kiev de ter realizado diversas investidas contra a província russa de Belgorod, na fronteira entre os dois países.

Segundo o governo de Volodymyr Zelensky, pelo menos duas pessoas morreram e cerca de 30 ficaram feridas na ofensiva em Dnipro, situada a 125km do front de batalha. Dias antes, Kiev indicou ter repelido um bombardeio de grande magnitude contra a cidade, no qual teriam sido lançados 16 mísseis e 20 drones.

O comandante da administração militar, Serhiy Lysak, informou que os russos lançaram mísseis contra uma área residencial da cidade, que era um centro industrial com cerca de um milhão de habitantes antes do início do conflito, em fevereiro do ano passado.

Bombardeios

Volodymyr Zelensky divulgou um vídeo que mostra edifícios destruídos pelo ataque. O presidente ucraniano enfatizou que, ao atacar instalações médicas civis, "os terroristas russos confirmam, mais uma vez, sua condição de combatentes contra tudo o que é humano e honesto". O Ministério da Defesa da Rússia confirmou ter realizado bombardeios noturnos na Ucrânia, mas disse ter mirado em "armazéns de munições".

Já em Belgorod, o governador Viacheslav Gladkov, afirmou que pelo menos cinco distritos foram bombardeados pelas forças ucranianas em 24 horas, provocando danos materiais, mas sem vítimas. De acordo com ele, os disparos atingiram a localidade de Kozinka, sobre a qual caíram 132 obuses. O distrito de Belgorodski, próximo da capital provincial Belgorod, sofreu 14 ataques, em particular de drones, incluindo um que atingiu o edifício administrativo, segundo Gladkov.

Em Krasnodar, cidade russa a 200 km da península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, dois drones atingiram prédios, sem deixar vítimas, informou o governador Veniamin Kondratiev. Esses episódios acontecem poucos dias depois de uma incursão armada vinda da Ucrânia, reivindicada por dois grupos de russos exilados que lutam ao lado dos ucranianos contra as forças de Moscou.

"Equilíbrio"

Em seu encontro com o enviado chinês, o chanceler Lavrov destacou a postura "equilibrada" da China no conflito na Ucrânia. Pequim afirma que mantém uma posição de neutralidade, mas é criticado por potências ocidentais devido a sua recusa em condenar a ofensiva militar lançada pela Rússia.

Segundo a chancelaria russa, Lavrov e Li Hui "expressaram sua disposição de reforçar a cooperação entre Rússia e China em matéria de política externa, permanentemente orientada para a manutenção da paz e da estabilidade na região e no planeta como um todo".

Li Hui foi a Moscou depois de um giro por vários países e de uma reunião com Zelensky, em Kiev, no início do mês. Ao fim da missão, o enviado chinês declarou que "não há panaceia para resolver a crise" e exortou todas as partes ao "diálogo".

Desde o início do conflito, Rússia e China fortaleceram seus laços econômicos e diplomáticos, enquanto as potências ocidentais intensificaram as sanções contra Moscou. Durante sua visita a Moscou em março, o presidente chinês, Xi Jinping, disse que as relações bilaterais estavam entrando em uma "nova era".

 

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