Guerra na Ucrânia

Grupo Wagner adverte sobre o perigo de nova revolução russa

Líder de mercenários que combatem na Ucrânia, ao lado da Rússia, alerta que disparidade social causada pela guerra pode causar levante e anuncia a morte de 10 mil homens

Correio Braziliense
postado em 25/05/2023 06:01 / atualizado em 25/05/2023 06:50
Sabotadores posam para foto no norte do território ucraniano -  (crédito: Sergey Bobok/AFP)
Sabotadores posam para foto no norte do território ucraniano - (crédito: Sergey Bobok/AFP)

Yevgeny Prigozhin, fundador do grupo paramilitar Wagner, alertou que a Rússia pode enfrentar uma nova revolução, caso sua liderança não melhore o gerenciamento da guerra. A organização é formada por mercenários alinhados ao governo do presidente Vladimir Putin que participam de combates na Ucrânia.

Em entrevista ao blogueiro pró-Kremlin Konstantin Dolgov, divulgada pelo aplicativo de mensagens Telegram, ele destacou a disparidade social provocada pela guerra. Lembrou que os filhos dos pobres são enviados de volta do front em caixões de zinco, enquanto os da elite "balançam o traseiro" ao sol.

"Essa divisão pode terminar, como em 1917, com uma revolução", disse Prigozhin. "Primeiro, os soldados se rebelarão. Depois, seus entes queridos. Há dezenas de milhares deles, familiares dos mortos. E provavelmente haverá centenas de milhares — não podemos evitar."

Mercenários ostentam bandeira sobre ruínas, em Bakhmut
Mercenários ostentam bandeira sobre ruínas, em Bakhmut (foto: Telegram/AFP)

Pela primeira vez, Prigozhin confirmou que quase 10 mil dos 50 mil prisioneiros recrutados nas penitenciárias russas pelo Grupo Wagner morreram na Ucrânia, principalmente na linha de frente na sangrenta batalha de Bakhmut. "Selecionei 50.000 detentos, dos quais 20% morreram", acrescentou o líder do Grupo Wagner.

Por outro lado, ele indicou que uma proporção semelhante de seus combatentes profissionais também morreu em combate, sem especificar o número. No entanto, garantiu que as perdas ucranianas são maiores: "Tenho três vezes menos mortos (...) e cerca de duas vezes menos feridos", disse. O Exército russo divulgou o último balanço de soldados abatidos em setembro de 2022, ao admitir 5.900 mortes em suas fileiras.

Um vazamento recente de documentos confidenciais dos Estados Unidos colocou as perdas russas, até 1º de março deste ano, entre 35.500 e 43.500, contra 16.000 a 17.500 para a Ucrânia, mas os números são estimativas impossíveis de verificar com fontes independentes.

Em Belgorod, região localizada na Rússia, perto da fronteira, duas organizações de cidadãos russos que combatem pelo lado da Ucrânia comemoraram o "sucesso" de uma incursão arriscada de suas células realizada na segunda-feira (22/5) em território russo. Somente o fato de essas células terem conseguido entrar na Rússia e retornar à Ucrânia "pode ser considerado um sucesso", afirmou Denis Kapustin, fundador do Corpo de Voluntários Russos, em declarações aos jornalistas no norte da Ucrânia. O Kremlin prometeu respostas "muito duras" em caso de novas infiltrações na fronteira.

China

O presidente da China, Xi Jinping, declarou que Pequim apoiará os "interesses fundamentais" de Moscou, durante reunião com o premiê russo, Mikhail Mishustin. "A China deseja que os dois países continuem apoiando-se firmemente em questões que afetam os interesses centrais de cada um", afirmou Xi ao visitante, de acordo com a agência de notícias Xinhua. A frase é frequentemente usada em reuniões bilaterais com representantes da Rússia.

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