O período 2023-2027 muito provavelmente será o mais quente já registrado na história, devido ao impacto dos gases do efeito estufa e do fenômeno meteorológico El Niño, que estão provocando o aumento das temperaturas, alertou a ONU nesta quarta-feira (17/5).
"Há 98% de probabilidades de que ao menos um dos próximos cinco anos, e o quinquênio em seu conjunto, seja o mais quente já registrado", anunciou a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
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O organismo especializado das Nações Unidas calcula ainda em 66% a probabilidade de que a temperatura média anual da superfície da Terra supere em 1,5°C os níveis pré-industriais durante pelo menos um dos cinco anos.
Os Acordos de Paris sobre o clima (2015) estabeleceram como objetivo limitar o aumento das temperaturas globais neste século abaixo de 2°C na comparação com os níveis pré-industriais de 1850 a 1900, ou a 1,5°C na medida do possível.
Os dados publicados nesta quarta-feira "não significam que vamos superar de forma permanente a barreira de 1,5°C do Acordo de Paris, que se refere a um aquecimento a longo prazo sobre vários anos", destacou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
"A OMM, no entanto, está soando o alarme ao anunciar que vamos superar o nível de 1,5°C de forma temporária ou com mais frequência", acrescentou.
"Espera-se um episódio de El Niño nos próximos meses e isto, combinado com a mudança climática provocada pelas atividades humanas, provocará o aumento das temperaturas mundiais a níveis jamais alcançados", afirmou o meteorologista finlandês.
"Isto terá grandes consequências para a saúde, segurança alimentar, gestão da água e meio ambiente. Precisamos estar preparados", reiterou.
El Niño é um fenômeno climático natural, geralmente associado a um aumento das temperaturas, maior seca em algumas regiões do mundo e chuvas intensas em outras áreas.
O fenômeno aconteceu pela última vez em 2018-2019 e provocou um episódio particularmente longo de 'La Niña', que causa os efeitos inversos e, em particular, uma queda nas temperaturas.
No início de maio, a OMM calculou em 60% a possibilidade de desenvolvimento do El Niño até o fim de julho e em 80% que aconteça até o fim de setembro.
De maneira geral, El Niño faz com que as temperaturas globais aumentem no ano seguinte a sua chegada, ou seja, 2024 para este ciclo.
Apesar do efeito moderador de La Niña, os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados e 2016 tem o recorde de temperatura.
Os gases do efeito estufa - os três principais são o CO2, o metano e o óxido nitroso - concentrados em níveis recordes na atmosfera, retêm o calor e provocam o aumento das temperaturas.
Desde a década de 1960
"A previsão é de que as temperaturas médias globais continuem aumentando, nos afastando cada vez mais do clima a que estamos acostumados", disse Leon Hermanson, cientista do serviço meteorológico britânico, o Met Office.
O organismo tem o papel de principal centro da OMM para as previsões climáticas anuais e das próximas décadas.
Este ano, as previsões, que começaram no final de 2022, procedem de 145 membros e foram fornecidas por 11 institutos.
"A confiança nas previsões da temperatura média global é alta, porque as previsões anteriores mostram que todas as medições são confiáveis", destacou a OMM.
As temperaturas médias globais da superfície terrestre e do mar aumentaram desde a década de 1960.
Para 2023 a previsão indica que permanecerão acima da média de 1991-2020 em quase todas as regiões, com exceção do Alasca, África do Sul, o sul da Ásia e partes da Austrália, segundo a OMM.
Partes do Oceano Pacífico Sul provavelmente serão mais frias que a média.
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