O ex-comandante paramilitar Salvatore Mancuso reconheceu na terça-feira (16/5) no tribunal de paz da Colômbia que os esquadrões de ultradireita que liderava no fim dos anos 1990 tinham ordem para assassinar o então líder da esquerda e agora presidente Gustavo Petro.
Desmobilizados em 2006 por um acordo com o governo do direitista Álvaro Uribe (2002-2010), os violentos grupos paramilitares provocaram cenas de terror em sua luta contra as guerrilhas de esquerda e atuaram com o apoio de alguns membros da força de segurança.
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Petro, ex-rebelde do M-19, que abandonou as armas em 1990, e outros líderes de esquerda "foram parte dos alvos militares" das chamadas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), admitiu Mancuso no último de seus quatro dias de comparecimento à Jurisdição Especial para a Paz (JEP), um tribunal responsável por investigar os piores crimes do conflito colombiano.
"O mesmo chanceler de hoje, Álvaro Leyva, o mesmo presidente, Gustavo Petro, eram parte dos objetivos militares", declarou.
Por videoconferência em uma prisão dos Estados Unidos, o ex-comandante paramilitar, de 58 anos, afirmou que um diretor do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), a unidade de inteligência da época, deu a ordem para matar o hoje presidente.
O DAS foi dissolvido em 2011 por um escândalo de espionagem de juízes, políticos opositores e ativistas dos direitos humanos durante o governo Uribe.
Mancuso foi extraditado em 2008 quando apresentava sua versão sobre os crimes cometidos durante o processo de paz com as AUC. O ex-comandante paramilitar foi condenado nos Estados Unidos a mais de 15 anos de prisão e agora tenta recorrer à JEP para tentar obter benefícios, como penas alternativas à prisão, em caso de um eventual retorno à Colômbia.
O presidente Petro reagiu às declarações do ex-paramilitar no Twitter.
"Segundo Mancuso, José Miguel Narvaéz, do DAS, ordenou meu assassinato. O DAS determinava minhas escoltas. Conseguimos informações prévias sobre as operações contra mim sem a ajuda dos governos e conseguimos impedi-las", afirmou o primeiro presidente de esquerda da Colômbia.
O ex-comandante paramilitar insistiu em seu depoimento na cumplicidade da polícia, do exército, da classe política e de parte da imprensa nos crimes das AUC.
Quase 30.000 paramilitares entregaram os fuzis em 2006. De acordo com o Centro de Memória Histórica são responsáveis por mais de 94.000 mortes durante a prolongada guerra interna na Colômbia.
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