A eleição presidencial da Turquia será definida em segundo turno, marcado para 28 de maio. No poder há duas décadas, o presidente Recep Tayyip Erdogan saiu na frente com 49,51% dos votos totais, com 99,87% das urnas apuradas (até a publicação desta reportagem). Já o líder da oposição, Kemal Kilicdaroglu, do centro-esquerdista do Partido Republicano do Povo, ficou com 44,88% dos votos e enfrentará o conservador na segunda etapa.
Erdogan enfrenta a eleição mais arriscada de sua carreira política. A crise econômica no país e a instabilidade social tornaram-se temas centrais na disputa. Kilicdaroglu teve grande crescimento no pleito após ser apoiado por uma aliança de oposição com seis partidos — uma espécie de frente ampla contra o conservadorismo de Erdogan.
Os candidatos apresentam visões opostas sobre o futuro do país: Kilicdaroglu defende uma maior liberdade democrática, enquanto Erdogan se diz defensor das raízes islâmicas e acusa o adversário de ser "pró-LGBT".
Os 20 anos no poder de Erdogan se dividem em 11 anos como primeiro-ministro e nove na condição de presidente. Em 2017, o líder do partido conservador e islamita AKP sancionou uma legislação que introduziu o presidencialismo na Turquia.
Popularidade em queda
Gül Berna Özcan, especialista em Turquia da Universidade de Londres, disse ao Correio que a popularidade de Erdogan enfrenta um declínio motivado por uma série de razões. "Os indicadores econômicos são pobres, os salários estão em queda e as taxas de inflação em alta. Além disso, pesa contra ele sua gestão corrupta e nepotista da economia. A Turquia enfrenta um enorme desemprego entre a parcela mais jovem e educada da população, além de uma fuga de cérebros," comentou. Ela apontou que a longa permanência de Erdogan no poder tornou o regime menos propenso a ouvir as demandas populares.
Özcan acusou o partido governista AKP, liderado por Erdogan, de minar a liberdade de imprensa e outras instituições. "A Turquia não tem uma imprensa livre, um sistema de educação científico, nem justiça econômica. A corrupção está por toda a parte. Ideias retrógradas floresceram em um número crescente de escolas de pregadores, que promovem ideologias medievais."
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