Jornal Correio Braziliense

Estados Unidos

Republicanos reagem à candidatura de Biden e o associam com 'baderna'

Em vídeo divulgado no Twitter, presidente confirma candidatura à reeleição, em 7 de novembro de 2024, promete "terminar o trabalho" e cita risco às liberdades e aos direitos individuais. Republicanos reagem e associam democrata à baderna

A expectativa tornou-se realidade logo às 6h (7h em Brasília), quando Joe Biden publicou um vídeo em seu perfil no Twitter. Era o anúncio de que o presidente dos Estados Unidos tentará a reeleição, em 7 de novembro de 2024. A peça de campanha começou com imagens da cúpula do Capitólio tomada pela fumaça e da multidão de simpatizantes do magnata republicano Donald Trump invadindo a sede do Poder Legislativo.

"Liberdade. A liberdade pessoal é algo fundamental para o que somos como americanos. Não há nada mais importante e mais sagrado", afirma Biden, segundo o qual a luta pela democracia comandou o seu trabalho no primeiro mandato. Em 3 minutos e 4 segundos, Biden tentou convencer os norte-americanos de que os direitos fundamentais estão em xeque, ameaçados pelos seguidores de Trump. 

"Quando me candidatei à Presidência há quatro anos, disse que estávamos em uma batalha pela alma dos Estados Unidos, e ainda estamos. A questão que enfrentamos é se nos próximos anos teremos mais liberdade ou menos liberdade. Mais direitos ou menos. Eu sei o que quero que seja a resposta e acho que você também. Este não é um momento para ser complacente. Por isso estou concorrendo à reeleição", declarou Biden, 80 anos — o presidente mais longevo da história dos EUA. Caso conquiste o segundo mandato, o democrata terá 86 ao deixar a Casa Branca, em janeiro de 2029.

"Vamos terminar o trabalho", pediu aos eleitores. Ele acusou os republicanos de planejarem "reduzir impostos dos super-ricos, impor decisões às mulheres sobre sua saúde, proibir livros, e dizer às pessoas quem podem amar, ou dificultar seu voto". 

Também ontem, Biden nomeou a latino-americana Julie Chávez Rodríguez, 45 anos, como gerente de campanha. Julie é neta do líder sindical e ativista dos direitos civis de origem mexicana César Chávez. No início da tarde, em discurso durante a Conferência Legislativa das Uniões Sindicais dos Construtores, em Washington, Biden assegurou que o plano econômico apresentado por seu governo está funcionando e aproveitou para atacar Trump, seu potencial adversário em 2024. "Sob meu antecessor, a Semana da Infraestrutura era uma piada. Sob minha supervisão, estamos fazendo da Década da Infraestrutura uma manchete", declarou. 

O ex-presidente Barack Obama, de quem Biden foi vice, celebrou o anúncio do colega de partido e amigo. "Orgulho por tudo o que Joe Biden e seu governo realizaram nesses últimos anos. Ele se entregou para o povo norte-americano — e continuará a fazê-lo, assim que for reeleito", afirmou, por meio do Twitter. Minutos depois de Biden publicar o vídeo, sua vice, Kamala Harris, compartilhou o material e comentou: "Enquanto americanos, nós acreditamos na liberdade — e acreditamos que nossa democracia será tão forte quanto nossa vontade de luta por ela. É por isso que eu e Biden estamos disputando a reeleição".

Em retaliação ao anúncio da candidatura do democrata, os republicanos utilizaram outro vídeo para alertar sobre o suposto caos, sob a hipótese de vitória de Biden: bombas sobre Taiwan, avalanche de imigrantes na fronteira com o México e saques generalizados no comércio. 

Previsão

Historiador político da American University, em Nova York, Allan Lichtman desenvolveu um sistema de previsão para determinar o resultado das eleições norte-americanas — conhecido como Keys to the White House (Chaves para a Casa Branca) — que acertou todos os prognósticos entre 1984 e 2020, incluindo a vitória de Trump, em 2016.

"Biden é a melhor aposta para a vitória democrata, de acordo com esse método. O sistema é composto de 13 perguntas falsas e 13 verdadeiras, que investigam a força e o desempenho do partido que detém o poder. Se seis ou mais chaves são falsas, o partido no governo é um perdedor previsto; caso contrário, espera-se que vença. Se Biden disputar novamente, os democratas garantem duas chaves e precisariam de mais seis chaves negativas para perderem a eleição", explicou.

De acordo com Lichtman, o partido no comando da Casa Branca tem sido derrotado em quase todas as eleições em que havia uma disputa interna pela nomeação, ao longo do último século. "Ainda não estou pronto para fazer uma previsão, exceto notar que Biden dá aos democratas sua melhor chance de uma vitória", comentou. 

Liberdade ou caos

Veja as principais frases de Biden no vídeo publicado às 6h de ontem nas redes sociais

"Liberdade. A liberdade pessoal é algo fundamental para o que somos como americanos. Não há nada mais importante e mais sagrado." 

"Esse tem sido meu trabalho durante o primeiro mandato: lutar pela nossa democracia."

"Ao redor do país, extremistas MAGA (acrônimo do lema trumpista 'Make America Great Again'), estão se alinhando para tomar essas liberdades fundamentais."

"Quando me candidatei à Presidência há quatro anos, disse que estávamos em uma batalha pela alma dos Estados Unidos, e ainda estamos."

"A questão que enfrentamos é se nos próximos anos teremos mais liberdade ou menos liberdade. Mais direitos ou menos. Eu sei o que quero que seja a resposta e acho que você também. Este não é um momento para ser complacente. Por isso estou concorrendo à reeleição."

“Cada geração de americanos enfrentou um momento em que teve que defender a democracia. Defenda nossas liberdades pessoais. Defenda o direito de voto e nossos direitos civis. Este é o nosso momento."

 

 

 

 

Eu acho...

"Independentemente da identidade do candidato republicano, os democratas se unirão em torno de Joe Biden. No entanto, de acordo com o método de previsão que criei, a identidade do candidato republicano não determinará o resultado das eleições. A governança de Biden é o que contará. Tenha em mente, no entanto, que uma condenação criminal de Trump poderia embaralhar tudo para os republicanos, embora, tecnicamente, isso não o impeça de concorrer novamente."

Allan Lichtman, historiador político da American University (em Washington)