Tiros e explosões foram relatados na capital do Sudão, Cartum, após dias de tensão entre as Forças Armadas do país e um poderoso grupo paramilitar, o Forças de Apoio Rápido (FAR). Neste sábado, o grupo paramilitar informou ter tomado controle do palácio presidencial, da residência do chefe do exército e do Aeroporto Internacional de Cartum, o principal do país.
A Força Aérea e o Exército do Sudão anunciaram que estão em confronto contra os paramilitares e que destruíram bases do grupo em Tiba e Soba, ambas localizadas na capital do país.
- Reforma previdenciária avança na França e vira estopim para o caos nas ruas
- Por que líder tibetano acusa China de estar ligada à polêmica sobre Dalai Lama com menino
- Em escalada homofóbica, Hungria permite denúncia anônima de família LGBTQIA+
No aeroporto de Cartum, vídeos não verificados de homens armados na pista circulavam nas redes sociais, com algumas companhias aéreas incendiadas.
Segundo informações do jornal Al Jazeera, há registros de conflitos entre entre as forças armadas e o FAR em diversos pontos no país. “Além da capital e de Marawi, também há combates no sudoeste do país. No norte de Darfur, também há relatos de confrontos entre as forças armadas e a RSF pelo controle do aeroporto”, afirmou o enviado do jornal oriental. Veja vídeos:
Conflito entre líderes militares
O general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como "Hemedti", chamou o chefe do exército, general Abdel Fattah al-Burhan, de criminoso e acusou o exército de realizar um golpe, em entrevista por telefone ao jornal Al Jazeera. Este é um contexto de rivalidade entre os dois generais que protagonizaram o golpe de 2021 — os dois uniram forças para a retirada de civis do poder há dois anos atrás.
Hemedti também apelou à população e aos militares para que se levantem contra o exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, líder de fato do Sudão desde o golpe em 25 de outubro de 2021.
O chefe da missão das Nações Unidas no Sudão pediu nesta manhã o fim “imediato” dos combates entre o exército regular e os paramilitares. O evento prejudica a transição democrática exigida pela comunidade internacional para retomar a ajuda humanitária ao Sudão.
Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos, também comentou sobre os ataques e disse que a situação no Sudão é “frágil”, mas insistiu que ainda há uma oportunidade de concluir a transição para um governo liderado por civis.
(Com informações da Agence France-Presse)
*Estagiária sob a supervisão de Pedro Grigori