O presidente russo, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos, nesta quarta-feira (5), de serem responsáveis pela "crise ucraniana" por seu apoio à revolução de 2014, durante a cerimônia de recebimento de credenciais da nova embaixadora americana em Moscou, Lynne Tracy.
"As relações entre a Federação Russa e os Estados Unidos, das quais dependem a segurança e a estabilidade do mundo, atravessam, infelizmente, uma crise profunda", disse Putin na cerimônia, que aconteceu no Kremlin e foi transmitida pela emissora televisão russa.
"Não posso deixar de dizer que o apoio dos Estados Unidos [...] ao golpe de Estado em Kiev em 2014 levou, no fim das contas, à atual crise ucraniana", declarou o presidente russo, em referência à revolução de 2014 que derrubou o governo ucraniano da época, aliado de Moscou.
"Sempre apoiamos o estabelecimento de relações russo-americanas baseadas exclusivamente nos princípios de igualdade, respeito da soberania e dos interesses do outro e não ingerência nos assuntos internos. Vamos nos guiar por isso no futuro", acrescentou Putin.
Logo depois, também enviou uma mensagem à União Europeia, ao aceitar as credenciais do novo embaixador do bloco, Roland Galhargue. "A União Europeia iniciou um confronto geopolítico com a Rússia", declarou Putin, acrescentando que as relações com a UE — que apoia fortemente a Ucrânia — "se deterioraram significativamente nos últimos anos".
Estas declarações são uma amostra da crise diplomática entre a Rússia e os países ocidentais pelo conflito na Ucrânia. Suas relações se deterioraram a níveis que não eram vistos desde a Guerra Fria.
A apresentação das credenciais da novas embaixadora dos Estados Unidos aconteceu uma semana depois que o jornalista americano Evan Gershkovich ter sido preso na Rússia acusado de "espionagem". A Casa Branca rejeita a acusação.
Lynne Tracy, uma diplomata falante de russo que já trabalhou na Rússia e em outras ex-repúblicas soviéticas, foi indicada em setembro pelo presidente Joe Biden para ocupar o posto, de alta sensibilidade. Tracy substitui John Sullivan, indicado pelo ex-presidente Donald Trump e que deixou o cargo no verão passado por motivos familiares.
A nova embaixadora herda alguns casos particularmente espinhosos, como o conflito na Ucrânia e a situação dos americanos detidos na Rússia.