Jornal Correio Braziliense

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Empresa de espião russo no Rio teve contrato com Cultura, Exército e Marinha

Gerhard Daniel Campos Wittich é o terceiro espião russo que usou uma identidade brasileira a ser descoberto dentro e fora do País

Gerhard Daniel Campos Wittich, o espião russo que se passou por um brasileiro de origem austríaca, tinha uma empresa em Curicica, zona de milícia da capital fluminense, que fechou pelo menos cinco contratos no valor de R$ 26.340, entre 2020 e 2022, em compras não especificadas com o Ministério (então secretaria) da Cultura, Marinha e Exército.

Wittich é o terceiro espião russo que usou uma identidade brasileira a ser descoberto dentro e fora do País. Ele conseguiu fugir, abandonando uma namorada no Rio. Um deles foi preso na Noruega e outro está preso em Brasília e é investigado pela PF.

Encomendas

Segundo o Portal da Transparência do governo federal, os valores das compras variam entre R$ 3 mil e R$ 8.500. A empresa de Wittich, chamada Rio3D, produzia, entre outras coisas, esculturas de resina e chaveiros. Ao Estadão, a Marinha confirmou as compras e as atribuiu a serviços ocasionais durante as operações de enfrentamento à pandemia

"Os produtos adquiridos não comprometeram o sigilo e a segurança das operações da Marinha do Brasil e tampouco atestam qualquer tipo de relacionamento entre a Força e o senhor Gerhard Daniel Campos Wittich", disse a instituição em nota. O Exército e o Ministério da Cultura ainda não se manifestaram.

A Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro registrou em março de 2020 o contrato social de constituição da empresa. Segundo certidão obtida pelo Estadão, o espião russo se apresenta no documento como brasileiro, solteiro e empresário, morador do bairro de Botafogo, na zona sul do Rio.

Mas o Portal da Transparência registra uma compra da secretaria da Cultura em janeiro daquele ano, no valor de R$ 8.500, anterior à constituição da empresa na Jucerj.

Dos outros quatro contratos, três correspondem à Marinha, por meio do Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais, e um ao Primeiro Batalhão de Polícia do Exército no Rio.

Segundo a Jucerj, o espião russo era o único sócio da empresa, que tinha um capital social de R$ 10 mil. Na certidão de criação da empresa, Wittich alegou não ter impedimentos legais para formá-la.

O espião desapareceu em janeiro, no meio de uma viagem à Malásia, sem mandar mensagens para sua namorada no Rio de Janeiro. Ele teria simulado desaparecimento em janeiro e já estaria de volta a Moscou, com sua mulher Maria Tsalla ou Irina Romanova, que teria atuado como espiã em Atenas, na Grécia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.