Na cidade italiana de Ivrea, o inverno é marcado por um festival carnavalesco de três dias em que as pessoas atiram 900 toneladas de laranjas umas nas outras. A tradicional festividade tem origem histórica: há oito séculos, a cidade era governada pelo marquês Ranieri di Biandrate, que sequestrava e estuprava camponesas.
O tirano acabou sendo decapitado por Violetta, filha de um moleiro, após uma revolta popular. A "Batalha das Laranjas" simboliza essa rebelião contra a tirania. Segundo o The New York Times, a festa desse ano, descrita como o "carnaval histórico mais antigo da Itália”, reuniu 8 mil pessoas.
- "Vilarejo fantasma" na Itália voltará a ser aberto para turistas
- As estátuas de 2 milênios encontradas na Itália que podem 'reescrever a história'
A batalha, que ocorre no fim de fevereiro, é organizada em nove equipes, representando nobres e plebeus, que escolhem bandeira, logotipo, capitão e uniforme. Esse festejo costuma ser passado de geração em geração. As laranjas utilizadas na batalha não possuem condições de serem usadas como alimento ou para fins comerciais.
Anualmente, diferentes pessoas locais de alto status recebem a honra de desempenhar um papel específico. A personagem principal da Batalha das Laranjas é a Vezzosa, também conhecida como Filha do Moleiro Encantador, que é uma personificação de Violetta, que é símbolo da revolta popular.
Importância da cidade
Desde 2018, Ivrea, a cidade sede do festejo, é considerada Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). "A cidade industrial de Ivrea é um conjunto de excelente qualidade arquitetônica que representa o trabalho de designers e arquitetos modernistas italianos e demonstra um exemplo excepcional de desenvolvimentos do século XX no design de produção, levando em consideração as mudanças nas necessidades industriais e sociais", diz a Unesco.
"Ivrea representa uma das primeiras e mais altas expressões de uma visão moderna em relação à produção, projeto arquitetônico e aspectos sociais em escala global em relação à história da construção industrial e à transição das tecnologias industriais mecânicas para digitalizadas", acrescenta.