Colômbia

Ex-presidente Samper avalia mudanças no governo de Gustavo Petro

Em entrevista exclusiva ao Correio, ex-líder colombiano e ex-secretário-geral da Unasul fala sobre a reforma ministerial em Bogotá e elogia a decisão de Lula de reposicionar o Brasil no bloco de integração latino-americana

Rodrigo Craveiro
postado em 28/04/2023 22:44 / atualizado em 28/04/2023 22:50
 (crédito: ADALBERTO ROQUE)
(crédito: ADALBERTO ROQUE)

Ernesto Samper Pizano, 72 anos, governou a Colômbia entre 1994 e 1998, e foi secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) de 2014 a 2017. Em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, ele falou sobre a mudança de 14 ministérios por parte do atual presidente colombiano, Gustavo Petro. Pressionado pela dificuldade em aprovar projetos de lei no Congresso, o líder esquerdista e ex-guerrilheiro anunciou um "governo de emergência" e renomeou parte do gabinete, com a intenção de levar adiante uma ampla reforma no país. Leia a entrevista com Samper:

Como o senhor vê a decisão do presidente Petro de demitir quase todo o gabinete? Há uma crise entre o governo e a própria coalizão?

Há, claramente, uma mudança de rumo: o governo deixaria de ser apoiado por uma coalizão institucional de partidos para estar apoiado por uma coalizão ideológica, onde o critério mais importante será a realização do projeto político de mudança que levou Petro à Presidência da Colômbia. Na medida em que este novo gabinete se mantenha dentro da constitucionalidade do país, o programa de governo poderá oferecer resultados. 

O que significa o governo de emergência proposto por Petro?

O que o presidente quer é que as mudanças que propôs em sua campanha — por exemplo, reformas da saúde, agrária, previdenciária, trabalhista, entre outras — sejam mais rápidas. Por isso, pede a seus novos ministros que estejam mais próximos dele politicamente e ideologicamente, que agilizem mais suas ações ministeriais.

Por qual motivo a situação chegou a esse patamar? O presidente Petro tem cometido muitos erros no comando da nação? 

Não há uma crise propriamente dita, uma ruptura. É um ajuste ministerial, sacrificando, claro, algumas figuras importantes, como José Antonio Ocampo no Ministério da Fazenda, que serviu de ponte entre diferentes correntes políticas e de pensamento e empresários. Também houve a saída de líderes dos partidos tradicionais, alguns dos quais, diga-se de passagem, eram secretamente contra a mudança.

Como o senhor vê o plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de recolocar o Brasil na Unasul?

Lula está convencido, em boa hora, dos benefícios da integração regional na atual conjuntura, particularmente do papel que a Unasul pode desempenhar nesse sentido. Questões como as mudanças climáticas, a política de defesa, o desenvolvimento de projetos multinacionais de infraestrutura e a recuperação de políticas de saúde, cuja ausência foi sentida durante a pandemia da covid-19, necessitam  da coordenação de todos os países para que possam ser efetivas. O presidente Lula entende perfeitamente esta realidade. Por isso, sua liderança na Unasul, especialmente com os novos dirigentes da região, sem distinções ideológicas, é considerada crucial. 

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