Vaticano

Pela primeira vez, Papa permite que mulheres votem na Assembleia de Bispos

O movimento expressa o desejo do papa Francisco de conferir mais espaço às mulheres dentro da instituição

Rodrigo Craveiro
postado em 27/04/2023 06:00
 (crédito: Vincenzo Pinto/AFP)
(crédito: Vincenzo Pinto/AFP)

Em um anúncio sem precedentes na história da Igreja Católica, o Vaticano decidiu que as mulheres terão direito a votar no próximo Sínodo (assembleia de bispos) de todo o mundo. O movimento expressa o desejo do papa Francisco de conferir mais espaço às mulheres dentro da instituição. Em outubro, bispos de todo o mundo se reunirão, na Cidade do Vaticano, para debater o futuro da Igreja. Pela primeira vez, mulheres e leigos não consagrados terão o direito de votar durante a assembleia.

Um documento divulgado pela Santa Sé indica que, "além dos bispos, arcebispos e outros religiosos eleitos pelas conferências episcopais, poderão votar outros 70 membros (...) que representam os demais fiéis do povo de Deus". Desses 70 membros, 50% serão mulheres, incluindo as jovens. "Ao identificá-los, será necessário levar em conta não somente a cultura geral e a prudência, mas também os conhecimentos, tanto teóricos quanto práticos, assim como a participação, segundo a sua capacidade, no processo sinodal", especifica o documento.

"Esta é uma grande mudança", admitiu ao Correio o vaticanista norte-americano Thomas Reese, analista do site Religion News Service. "Tanto quanto sabemos, o Sínodo foi composto, basicamente, por bispos, com poucos padres que dirigem grandes ordens religiosas. Agora, cerca de 25% do Sínodo não será formado por bispos. Desses não bispos, Francisco espera que a metade seja de mulheres", destacou. Reese acredita que, com essa decisão, o pontífice envia uma mensagem de que leigos e leigas deveriam fazer parte do processo de tomada de decisões da Igreja Católica. 

Visita

Amanhã, Francisco inicia uma viagem apostólica de três dias à Hungria, onde será recebido pelo premiê de extrema direita Viktor Orbán. Ambos deverão conversar sobre a guerra na Ucrânia e a política anti-imigração, condenada pelo Vaticano. O pontífice e o líder ultranacionalista têm visões antagônicas sobre vários assuntos. Calvinista convicto, o primeiro-ministro húngaro defende uma "Europa cristã" e livre de migrantes muçulmanos. Por sua vez, Francisco pede uma distribuição mais equitativa, entre os países da União Europeia, de todos os que fogem das guerras e da fome. Por outro lado, Orbán quis manter os laços com Moscou e se abstém de criticar o presidente russo Vladimir Putin, além de se recusar a enviar armas para a Ucrânia. 

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