Tucker Carlson, um dos apresentadores com maior audiência na TV americana, vai deixar o canal de notícias Fox News, segundo a própria companhia.
Em um comunicado, a Fox News disse que a rede e Carlson concordaram em "seguir caminhos diferentes".
O último programa apresentado por Carlson foi ao ar na sexta-feira, 21 de abril, acrescentou o comunicado.
O horário nobre da gigante de mídia agora será comandado por uma série de apresentadores, em esquema de rodízio, até que um substituto permanente seja encontrado.
A breve declaração - de dois parágrafos - não informou a razão para a saída do apresentador.
No ar, um âncora da Fox News anunciou a saída com uma homenagem que agradeceu a Carlson "pelos serviços prestados à rede".
Carlson não era apenas um apresentador popular, mas também bastante influente. Seus programas frequentemente definem a agenda dos conservadores e, por extensão, do Partido Republicano.
O programa oferecia uma mistura de abordagens conservadoras populistas em questões como imigração, criminalidade, raça, gênero e sexualidade, com a chamada ideologia "woke" se tornando um alvo frequente dele.
Ele fazia parte de quatro dos dez programas mais bem avaliados na TV a cabo dos Estados Unidos, de acordo com dados da empresa de pesquisas Nielsen entre a semana de 27 de março a 2 de abril.
No levantamento, Carlson foi o apresentador mais votado da Fox News, com uma média diária de três milhões de telespectadores em uma noite.
Embora Carlson muitas vezes concordasse publicamente com Donald Trump, cuja política transformou o Partido Republicano nos últimos anos, ele ocasionalmente divergia das opiniões políticas do ex-presidente.
Uma recente entrevista de Carlson com Trump alcançou sete milhões de telespectadores, algo inédito no mundo dos canais de notícias na TV a cabo dos EUA.
O anúncio de demissão ocorre poucos dias depois de a Fox News entrar em um acordo para finalizar um processo de difamação movido pela empresa de urnas eletrônicas Dominion sobre a cobertura das eleições presidenciais de 2020.
No processo, a empresa Dominion, que produz urnas eletrônicas, argumentou que seus negócios foram prejudicados pela Fox News.
A rede de TV foi acusada de espalhar informações falsas de que as urnas foram manipuladas para impedir a vitória de Trump nas eleições.
O caso levou à divulgação de mensagens de texto que mostravam as opiniões particulares de Carlson, muitas vezes diferentes de seu posicionamento público.
Seu programa, que foi ao ar no cobiçado horário entre 20h e 21h, foi citado repetidamente em documentos judiciais pelos advogados da Dominion em sua alegação de que parte da produção jornalística da emissora era difamatória.
Além disso, a Fox News também está enfrentando um processo movido pela ex-produtora Abby Grossberg, na qual ela acusou a emissora de coagi-la a mentir no processo envolvendo a Dominion. A Fox News afirmou que iria se defender da acusação, e processar Grossberg.
A última entrevista de Carlson com Trump ocorreu há duas semanas. Por outro lado, documentos anexados no caso Dominion mostram que, em mensagens particulares, ele disse "odiar" o ex-presidente.
Ele também entrevistou o CEO do Twitter, Elon Musk, durante o que seria sua última semana na Fox News.
Entre aqueles que reagiram às notícias da saída de Carlson da Fox estava Ocasio-Cortes, deputada por Nova York, que tuitou a palavra "uau", bem como um vídeo mais antigo no qual ela o acusava de "incitação à violência" por meio de seu programa.
O ex-candidato ao governo do Arizona, o republicano Kari Lake - um convidado recorrente no programa de Carlson - elogiou sua saída da Fox, afirmando que a demissão permitiria que ele ficasse "livre" e "sem censura".
'De volta na segunda-feira'
A saída de Carlson parece ter sido repentina e aconteceu sem a despedida usual que espera de um apresentador famoso e antigo na rede de TV.
Um vídeo compartilhado no Twitter pelo jornalista Aaron Rupar mostra Carlson encerrando seu programa na sexta-feira com as palavras "voltaremos na segunda-feira".
Carlson ingressou na Fox como colaborador em 2009, antes de se tornar co-apresentador do programa Fox and Friends Weekend entre 2012 e 2016, ano em que ele começou a apresentar o Tucker Carlson Show.
Antes de sua carreira na Fox começar, Carlson também apresentou programas na CNN e na MSNBC. Depois, ele criou o site Daily Caller ao lado do ex-conselheiro político republicano Neil Patel.
Sua passagem pela CNN terminou em 2005, apenas alguns meses depois de uma discussão acalorada e ao vivo com o apresentador do Daily Show, Jon Stewart.
A Fox Corporation, dona da Fox News, viu o preço de suas ações cair mais de 3% em Nova York após o anúncio de demissão.
Isso é comparável à reação do mercado quando a empresa anunciou que pagaria US$ 787 milhões (R$ 3,9 bilhões) para finalizar o processo de difamação movido pela Dominion, embora as ações naquele caso tenham se recuperado rapidamente.
Outro apresentador de TV a cabo, Don Lemon, anunciou na segunda-feira que foi demitido pela CNN após 17 anos, poucas horas depois de aparecer em seu programa matinal recentemente relançado.
O apresentador sofreu duras críticas públicas no início deste ano por comentários sobre Nikki Haley, que deve concorrer contra Trump pela candidatura às eleições presidenciais pelo Partido Republicano em 2024.
Colaborou Natalie Sherman, da BBC News em Nova York
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