América do Norte

Massacres no México e nos EUA deixam 11 pessoas mortas

O presidente norte-americano, Joe Biden, divulgou um comunicado em que classificou o incidente como "ultrajante e inaceitável" e tornou a cobrar uma ação do Congresso

*Correio Braziliense
postado em 17/04/2023 03:55
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Tarde de sábado. Moradores de Cortazar, no estado mexicano de Guanajuato (centro), aproveitavam o calor no balneário La Palma, situado a 6km da entrada da cidade. Por volta das 16h30 (19h30 em Brasília), cerca de 20 indivíduos fortemente armados entraram no local e executaram sete pessoas — três homens, três mulheres e uma criança de 7 anos. Pouco depois do massacre, uma testemunha gravou um vídeo em que relatava o que viu. "Houve disparos, mortos, chegaram pistoleiros, uns 20 pistoleiros. Minha filha, Carito, está em choque, Jordy também", afirma, enquanto se escuta o choro de crianças ao fundo.

A 2.574km dali, em Dadeville, cidade de 3 mil habitantes do Alabama (EUA), um atirador abriu fogo durante uma festa de 16 anos de uma garota, cinco horas depois. Quatro pessoas morreram e 28 ficaram feridas, inclusive 15 adolescentes — nove continuam hospitalizados. Foi o 162º tiroteio em massa registrado nos EUA nos últimos 106 dias.

O presidente norte-americano, Joe Biden, divulgou um comunicado em que classificou o incidente como "ultrajante e inaceitável" e tornou a cobrar uma ação do Congresso. "A que ponto chegou nossa nação quando as crianças não podem ir a uma festa de aniversário sem medo? Quando os pais precisam se preocupar toda vez que seus filhos saem para a escola, para o cinema ou para o parque?", lamentou o democrata.

Até o fechamento desta edição, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, não tinha se pronunciado sobre o massacre de La Palma. O México enfrenta grave onda de violência. Desde dezembro de 2006, quando o então presidente Felipe Calderón lançou uma controversa estratégica militar contra os cartéis do narcotráfico, mais de 350 mil pessoas foram assassinadas.

Professor da Universidad Nacional de México e especialista em segurança nacional, Raúl Benítez Manaut explicou ao Correio que massacres como o de Guanajuato têm se generalizado no país. "A causa está na falta de controle do governo mexicano sobre as forças de segurança. Os grupos criminais aproveitam a debilidade do Estado para atuar contra a população", disse. Ele acredita que o proprietário do balneário La Palma provavelmente tenha se recusado a pagar uma extorsão para o cartel Santa Rosa de Lima, ativo na região.

Raúl Manaut defende uma mudança em toda a estratégia de segurança e o fortalecimento das polícias municipais. "É preciso manter uma linha onde haja coerência entre as ações das polícias federais, como a Guarda Nacional, as polícias estaduais e as municipais", afirmou.

Coordenador do Seminário de Segurança Nacional da Universidade Nacional do México (Unam), Javier Oliva Posada lembrou à reportagem que Guanajuato é um dos três estados mais violentos do país. "Esse tipo de massacre ocorre em uma média de um por semana. Guanajuato está situado na rota terrestre para os EUA, e os grupos criminais tentam impor controle sobre as rodovias da região."

Vicente Sánchez Munguia, professor do Colegio de la Frontera Norte (em Tijuana), também responsabiliza uma ausência de estratégia do governo. "Além da segurança, as autoridades precisam atuar com o setor de inteligência e com trabalho efetivo", opinou. "Incidentes como o de La Palma estão normalizados, infelizmente, e ficam impunes."

Alabama

As autoridades de Dadeville não divulgaram a motivação nem a identidade do atirador que matou quatro pessoas durante a festa de 16 anos, em um salão de dança. Também não informaram se o assassino foi detido. "Esse drama é algo que nenhuma cidade deveria experimentar", disse o chefe da polícia da cidade, Jonathan Floyd. Entre os mortos, está Phil Dowdell, irmão da adolescente que fazia aniversário. Phil era atleta de futebol americano e se formaria em poucas semanas.

"Crimes violentos não têm lugar em nosso estado", tuitou a governadora do Alabama, Kay Ivey, expressando sua "dor". Biden, em seu comunicado, disse que os norte-americanos querem que os congressistas ajam com bom senso e promovam reformas no acesso às armas. "Estou pronto, como sempre estive, para trabalhar de boa fé na legislação federal que salvará vidas. Está dentro do poder do Congresso exigir o armazenamento seguro de armas de fogo e a verificação de antecedentes para todas as vendas de armas; e a proibição da venda de armas de assalto e de carregadores de alta capacidade. Isso deve ocorrer sem atraso", cobrou o presidente. (RC)

 

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  • Corpos no chão do balneário La Palma, em Cortazar, no estado mexicano de Guanajuato
    Corpos no chão do balneário La Palma, em Cortazar, no estado mexicano de Guanajuato Foto: Reprodução
  • Investigadores bloqueiam a entrada do salão de dança Mahogany Masterpiece, em Dadeville (Alabama)
    Investigadores bloqueiam a entrada do salão de dança Mahogany Masterpiece, em Dadeville (Alabama) Foto: Megan Varner/Getty Images/AFP
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