O rei Charles 3º e a rainha consorte, Camilla, vão ser levados para a cerimônia de coroação na Abadia de Westminster, em Londres, em uma carruagem mais confortável e relativamente moderna.
Eles vão para o evento a bordo da carruagem do Jubileu de Diamante, usada pela primeira vez em 2014, e vão voltar na tradicional Carruagem de Ouro de Estado, utilizada em todas as coroações desde a década de 1830.
O trajeto da volta será muito menor do que o percorrido pela rainha Elizabeth 2ª em 1953.
O público vai poder assistir ao longo das ruas do centro de Londres à procissão, que será uma das atrações da coroação do rei, marcada para 6 de maio.
O casal real e outros membros da família real britânica vão sair dos portões do Palácio de Buckingham e se deslocar até a Abadia de Westminster, onde a cerimônia de coroação está prevista para começar às 7h da manhã (11h do horário local).
Charles e Camilla vão percorrer 2,1 km de carruagem até chegar à Abadia.
Há cerca de 70 anos, a rainha Elizabeth 2ª fez uma jornada um pouco mais longa, de 2,6 km, a caminho da sua coroação.
O trajeto de volta do rei Charles, que foi chamado de Procissão da Coroação, vai seguir a mesma rota de 2,1 km da ida — mas será muito maior em termos de dimensão e contará com militares de toda a Commonwealth, assim como todos os serviços das forças armadas do Reino Unido.
O trajeto de volta da coroação de Elizabeth 2ª foi cerca de quatro vezes mais longo, percorrendo 8 km pelo centro de Londres.
Acredita-se que a rota mais curta de Charles tenha sido escolhida por razões práticas.
Na ida para a Abadia de Westminster, o rei e a rainha consorte vão estar a bordo da mais recente das carruagens reais, a carruagem do Jubileu de Diamante, construída na Austrália, em vez de na tradicional — mas notoriamente desconfortável — Carruagem de Ouro.
A carruagem do Jubileu de Diamante parece tradicional, mas na verdade é moderna, com ar-condicionado, vidros elétricos e suspensão hidráulica.
"É feita de alumínio, o que é bastante incomum, porque a maioria é feita de madeira, e também tem suspensão hidráulica, o que significa que o passeio é incrivelmente confortável", diz Sally Goodsir, curadora do Royal Collection Trust.
Madeira de navios históricos
A carruagem é formada ainda por pedaços de madeira de navios e edifícios históricos, incluindo os navios de guerra HMS Victory e Mary Rose, o Castelo de Balmoral, a Catedral de Canterbury e a Abadia de Westminster.
Vistas de perto no Estábulo Real, as carruagens são uma explosão de ouro, vidro e polimento. São basicamente coroas sobre rodas.
Isso significa que o casal real será poupado de uma viagem com solavancos a caminho da Abadia. Ao relembrar sua coroação em 1953, a rainha Elizabeth descreveu o passeio na Carruagem de Ouro do século 18 como "horrível" e "não muito confortável".
Um de seus predecessores, Guilherme 4º, coroado em 1831, descreveu a volta na carruagem como se estivesse a bordo de um navio "em um mar agitado".
O Palácio de Buckingham não comentou o motivo da troca.
Mas mesmo que a Carruagem de Ouro tenha suas desvantagens, é uma notável peça de trabalho artesanal, com entalhes elaborados sob uma fina camada de ouro e painéis cobertos de pinturas. Pode ser desconfortável, mas é uma obra de arte sobre rodas.
Ajudando o veículo de quatro toneladas a percorrer o trajeto, estará Martin Oates, que será responsável pelo freio da carruagem no dia da coroação.
Ele segue os passos do bisavô que participou da procissão de carruagem da coroação do rei George 6º, do avô que estava presente na coroação de Elizabeth 2ª, e do pai no Jubileu de Prata da falecida rainha em 1977.
"Quando você está andando pelo The Mall (avenida que dá acesso ao Palácio de Buckingham), você pensa em todos os membros da família que fizeram parte disso", afirma Oates, diretamente do Estábulo Real, no Palácio de Buckingham, onde as carruagens são guardadas.
Matthew Power, cocheiro principal, conta que "fica arrepiado" nesse tipo de ocasião, mas que era importante manter a calma e impedir que os cavalos ficassem nervosos.
"Os cavalos sabem que vai ser um grande dia, e você tem que ficar calmo e dizer que é apenas mais um dia de trabalho", afirma Power.
A procissão vai sair do Palácio de Buckingham, percorrendo a avenida The Mall até a Trafalgar Square, vai seguir pela avenida Whitehall até a Praça do Parlamento e, na sequência, vai para a Abadia de Westminster. A volta vai percorrer o mesmo trajeto em sentido inverso.
A cerimônia de coroação vai contar com os aparatos tradicionais, como anéis e espadas simbólicos, assim como as coroas, incluindo a coroa de St. Edward que será colocada na cabeça do rei.
Entre os cetros usados, vai estar um do século 17 feito de marfim, após especulações de que poderia ser retirado devido a preocupações em relação à conservação dos animais.
O item mais antigo a ser usado será uma colher para colocar o óleo para a unção na coroação. Esta colher, possivelmente do século 12, é uma rara parte sobrevivente do aparato original da coroação medieval — a maior parte foi destruída após a Guerra Civil Inglesa no século 17.
Entre os mais de 2 mil convidados esperados na Abadia, vão estar 450 representantes de grupos comunitários e de caridade, que vão participar da cerimônia ao lado de líderes mundiais, políticos e membros da realeza.
Houve reclamações sobre o custo da coroação por parte de ativistas antimonarquia. Em termos de gastos públicos, o governo só vai divulgar um valor depois do evento.
Especialistas em realeza britânica disseram ao programa Today, da BBC Radio 4, que a coroação vai parecer mais moderna em comparação com a coroação da falecida rainha Elizabeth em 1953.
"Vai parecer bastante moderno no que diz respeito a uma coroação", afirmou Tracy Borman, historiadora real e escritora.
"Já ouvimos falar sobre o óleo da unção, que o palácio teve o cuidado de dizer que era vegano, haverá um quarto do número de convidados [de Elizabeth 2ª], quando mais de 8 mil pessoas ficaram espremidas na Abadia de Westminster, e é também a primeira vez em 300 anos que a rainha consorte é coroada com uma coroa existente, em vez de ter uma nova feita para ela."
"Uma das grandes diferenças desta vez é que você não terá 910 nobres nos melhores assentos em suas vestes de coroação prestando homenagem...", avalia o jornalista e escritor Robert Hardman, especialista em realeza britânica.
"Havia uma espécie de sensação feudal... em vez disso, você terá 400 ganhadores da Medalha do Império Britânico sentados na Abadia, então terá aquela sensação de século 21."
Quando a procissão voltar ao Palácio de Buckingham, os recém-coroados Charles e Camilla vão aparecer na sacada, ao lado de outros altos membros da família real.
No ano passado, para o Jubileu de Platina da falecida rainha, apenas membros da realeza ativos foram autorizados na sacada, excluindo aqueles como o príncipe Harry e o príncipe Andrew, que haviam renunciado aos deveres reais.
E para provar que esta é uma coroação do século 21, um emoji especial foi criado para a ocasião.
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