A China realizou entre sábado (8) e domingo (9) exercícios militares de precisão que simulam ataque a alvos-chave em Taiwan. Os treinamentos, que a China tem chamado de "alertas" à ilha, são uma resposta à visita da presidente de Taiwan aos Estados Unidos.
Tsai Ing-wen, que preside Taiwan há 15 anos, está realizando um giro pelo continente americano para fortalecer a posição internacional de Taiwan em um momento em que as tensões entre Taipei e Pequim atingem níveis inéditos há décadas.
Mas a China reagiu a essa viagem iniciando uma série de treinamentos militares que simulam um ataque à ilha, considerada seu território pela China, mas que tem administração própria.
Taiwan disse que cerca de 70 aeronaves chinesas voaram ao redor da ilha no domingo. Onze navios chineses também foram avistados. No sábado, Taiwan disse que 45 aviões de guerra cruzaram a fronteira não oficial que separa os territórios da China e de Taiwan.
A operação, apelidada de "Espada Conjunta" por Pequim, continuará até segunda-feira (10). As autoridades taiwanesas ficaram enfurecidas com os exercícios militares.
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No sábado, autoridades de defesa em Taipei acusaram Pequim de usar a visita do presidente Tsai aos Estados Unidos como uma "desculpa para conduzir exercícios militares, prejudicando seriamente a paz, a estabilidade e a segurança na região".
A operação militar
No primeiro dia dos exercícios, um dos navios da China disparou uma bala enquanto navegava perto da ilha de Pingtan, o ponto chinês mais próximo de Taiwan.
O Conselho de Assuntos Oceânicos de Taiwan, que administra a Guarda Costeira, divulgou um vídeo mostrando um de seus navios perseguindo um navio de guerra chinês, embora não tenha fornecido a localização.
Na filmagem, um marinheiro pode ser ouvido dizendo ao navio chinês por meio de um rádio: "Você está prejudicando seriamente a paz, a estabilidade e a segurança regionais. Por favor, vire-se imediatamente e saia. Se continuar assim, tomaremos medidas de expulsão".
Outras imagens mostraram um navio de guerra taiwanês, o Di Hua, acompanhando o navio da Guarda Costeira.
Os exercícios chineses terminaram ao pôr do sol de sábado, mas oficiais de defesa em Taipei disseram que os voos de caças recomeçaram na manhã de domingo.
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A reação dos EUA
Funcionários do departamento de estado dos EUA pediram à China que não explorasse a visita do presidente Tsai aos EUA e pediram "contenção e nenhuma mudança no status quo".
Um porta-voz do Departamento de Estado disse que o governo americano está "monitorando as ações de Pequim de perto" e insistiu que os EUA têm "recursos e capacidades suficientes na região para garantir a paz e a estabilidade e cumprir nossos compromissos de segurança nacional".
Os EUA romperam relações diplomáticas com Taipei em favor de Pequim em 1979, mas são obrigados por lei a fornecer a Taiwan os meios para se defender.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse em várias ocasiões que os EUA interviriam se a China atacasse a ilha.
Na reunião de quarta-feira na Califórnia, Tsai agradeceu ao presidente da Câmara dos EUA, Kevin McCarthy, pelo "apoio inabalável" da América, dizendo que isso ajuda a "tranquilizar o povo de Taiwan de que não estamos isolados e não estamos sozinhos".
McCarthy havia planejado originalmente ir pessoalmente a Taiwan, mas optou por realizar a reunião na Califórnia para evitar inflamar as tensões com a China.
A mídia estatal chinesa disse que os exercícios militares, que devem ocorrer até segunda-feira, "organizarão simultaneamente patrulhas e avanços ao redor da ilha de Taiwan, moldando um cerco completo e uma postura de dissuasão".
Acrescentou que "artilharia de foguetes de longo alcance, contratorpedeiros navais, barcos com mísseis, caças da força aérea, bombardeiros, bloqueadores e reabastecedores" foram todos utilizados no treinamento pelos militares da China.
Mas, na capital de Taiwan, Taipei, os moradores não pareciam abalados com as últimas manobras da China. "Acho que muitos taiwaneses já se acostumaram com isso, a sensação é de, lá vamos nós de novo!", disse Jim Tsai no sábado.
Enquanto isso, Michael Chuang disse: "Eles [China] parecem gostar de fazer isso, circulando Taiwan como se fosse deles. Estou acostumado com isso agora." "Se eles invadirem, não podemos escapar de qualquer maneira. Vamos ver o que o futuro nos reserva."
A controvérsia em Taiwan
O status de Taiwan tem sido ambíguo desde 1949, quando a Guerra Civil Chinesa se voltou a favor do Partido Comunista Chinês, e o antigo governo da China se retirou para a ilha. Desde então, Taiwan se considera um estado soberano, com sua própria constituição e líderes.
A China a vê como uma província separatista que deve se submeter ao controle de Pequim - pela força, se necessário. O presidente chinês, Xi Jinping, já disse várias vezes que a "reunificação" com Taiwan "deve ser cumprida".
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