ESTADOS UNIDOS

Trump indiciado: o que aconteceu quando outros países processaram ex-líderes

Donald Trump se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a responder na Justiça por uma acusação criminal

BBC
BBC Geral
postado em 06/04/2023 10:29

Donald Trump se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a responder na Justiça por uma acusação criminal. Em outros países, no entanto, muitos ex-presidentes e ex-primeiros-ministros estiveram no banco dos réus — e, às vezes, até atrás das grades.

A lista de países com histórico de ex-líderes que foram presos inclui o Brasil. Antes de seu atual mandato, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou 580 dias preso e ficou impedido de disputar a eleição presidencial de 2018. Em 2021, ele teve suas condenações na operação Lava Jato anuladas em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Relembre o caso.

Confira outros países onde ex-mandatários viraram réus e saiba o que aconteceu com eles.

Itália: Silvio Berlusconi

Primeiro-ministro da Itália por quatro mandatos, Silvio Berlusconi já enfrentou vários processos criminais e já afirmou que é "o homem mais perseguido em toda a história do mundo".

Em 2013, Berlusconi foi condenado por ter pagado para ter relações sexuais com uma menor de idade — caso que ficou conhecido como "bunga bunga". Após um recurso, ele foi inocentado.

Os promotores do caso alegaram que testemunhas foram subornadas — acusação da qual o ex-primeiro-ministro foi novamente absolvido, em fevereiro deste ano.

Por casos anteriores, Berlusconi cumpriu um ano de serviço comunitário por fraude fiscal em 2012 e foi condenado a um ano de prisão por quebra de confidencialidade, depois de conseguir que uma escuta policial de um de seus rivais políticos vazasse e fosse publicada no jornal.

Ele não cumpriu pena na prisão devido à sua idade.

Berlusconi disse que se tornou alvo de promotores de esquerda de Milão, que buscariam vingança contra ele.

nesta semana, ele foi internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) em Milão por problemas cardiovasculares.

Coreia do Sul: Park Geun-hye

Park Geun-hye ao lado de guarda
Getty Images
Antes de ser perdoada, Park estava cumprindo pena de 22 anos na prisão

Park Geun-hye foi a primeira mulher presidente da Coreia do Sul e a primeira pessoa eleita democraticamente para o cargo forçada a deixá-lo.

Ela sofreu impeachment em 2017 e posteriormente foi condenada por abuso de poder e coerção por conluio com um amigo próximo, Choi Tae-min, líder pseudocristão apelidado de "o Rasputin coreano".

Foi descoberto que Choi usou sua conexão com Park para pressionar conglomerados por milhões de dólares em doações.

No entanto, no final de 2021, Park foi perdoada pelo então presidente Moon Jae-in e libertada da prisão.

França: Nicolas Sarkozy

Sarkozy fazendo cumprimento de mão com guarda
Getty Images
Apesar de condenado à prisão, Nicolas Sarkozy não passou um dia na cadeia

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado à prisão em 2021, quando recebeu uma sentença de três anos por tentar subornar um juiz.

Dois dos anos de prisão foram suspensos durante o processo, e Sarkozy ainda não cumpriu sua pena depois de apelar da sentença. O julgamento do recurso deve levar anos.

O ex-presidente francês Jacques Chirac também foi considerado culpado por corrupção em 2011. A sentença de dois anos de prisão foi suspensa.

África do Sul: Jacob Zuma

O ex-presidente Jacob Zuma foi condenado a 15 meses de prisão depois que ele deixou de comparecer a um interrogatório sobre acusações de corrupção durante sua presidência.

Ele se entregou à polícia e foi preso, mas não antes de manifestantes se envolverem em protestos violentos que levaram à morte de mais de 300 pessoas.

Zuma já havia enfrentado outras acusações de corrupção e fraude. Ele foi preso quando já tinha por volta de 70 anos de idade por crimes que ocorreram enquanto foi presidente, de 2009 a 2018.

Zuma sorrindo em sala do tribunal
Reuters
A prisão de Zuma levou a protestos violentos na África do Sul

Malásia: Najib Razak

O ex-primeiro-ministro Najib Razak foi condenado a 12 anos de prisão no primeiro de vários processos sobre supostos esquemas multimilionários de corrupção dos quais é acusado de envolvimento. O escândalo sobre um fundo de investimento estatal revelou uma rede global de fraude e corrupção.

Najib nega todas as irregularidades e diz que foi enganado por consultores financeiros — em particular pelo empresário foragido Jho Low.

Razak se declarou inocente dos crimes de quebra de confiança, lavagem de dinheiro e abuso de poder e, após ser condenado, apresentou recurso — rejeitado por um tribunal. Em agosto, ele iniciou sua pena de prisão.

Israel: Ehud Olmert

O ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert foi condenado a 2 anos e 3 meses de prisão por fraude. Ele foi solto no início de 2017.

Desde então, Olmert se aposentou da política, mas foi considerado culpado de difamação em novembro do ano passado por comentários que fez sobre o atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

Netanyahu, por sua vez, está atualmente sendo julgado por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança.

Tailândia: Yingluck Shinawatra

A ex-primeira-ministra tailandesa Yingluck Shinawatra foi acusada de negligência por não ter evitado perdas excessivas e corrupção em um esquema de subsídios ao arroz durante seu mandato.

O governo de Yingluck foi derrubado pelos militares em 2014, e ela sofreu impeachment por causa de seu papel no esquema do arroz um ano depois. Ela defende que o julgamento teve motivação política.

Em agosto de 2017, ela deixou o país secretamente. Depois, Yingluck Shinawatra foi condenada à revelia a cinco anos de prisão.

Yingluck é irmã do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, que foi deposto pelos militares em 2006.

Bolívia: Jeanine Áñez

Jeanine Áñez vista de janela da prisão, olhando para fora
Getty Images
Em foto de agosto de 2021, Jeanine Áñez aparece em prisão de La Paz

Jeanine Áñez está cumprindo uma sentença de 10 anos de prisão pelo que os promotores dizem ter sido um golpe para derrubar seu antecessor, Evo Morales.

Morales renunciou e fugiu da Bolívia depois que o chefe do exército pediu que ele renunciasse em meio a protestos por alegações de fraude eleitoral no pleito de 2019. Áñez assumiu como presidente interina.

Mas o partido de Morales ganhou novas eleições no ano seguinte, abrindo caminho para que ele voltasse da Argentina e assumisse a liderança do partido na Bolívia. Seu colega Luis Arce foi eleito presidente.

Áñez disse repetidamente que é vítima de uma vingança política.

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