O ex-presidente americano Donald Trump tem consultado advogados na Trump Tower, em Nova York, enquanto se prepara para enfrentar acusações criminais históricas nesta terça-feira (04/04).
Ele está sendo investigado pela suposta ocultação de um pagamento, pouco antes da eleição presidencial de 2016, para comprar o silêncio de uma ex-atriz pornô que diz que eles fizeram sexo. Ele nega qualquer irregularidade.
Medidas adicionais de segurança estão em vigor, à medida que as autoridades esperam protestos fora do tribunal de Manhattan nesta terça-feira.
Trump, de 76 anos, é o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a se tornar réu em um processo criminal.
"CAÇA ÀS BRUXAS", escreveu o republicano na Truth Social, sua plataforma de rede social, pouco antes de deixar sua residência na Flórida com destino a Nova York na segunda-feira — uma jornada que contou com ampla cobertura na televisão americana.
Na manhã desta terça-feira, dezenas de policiais e oficiais de justiça, assim como agentes do Serviço Secreto, devem escoltar Trump pelas ruas de Nova York até o tribunal .
As acusações que ele enfrenta serão divulgadas na íntegra durante a audiência, marcada para 15h15 (14h15, no horário local).
A expectativa é de que o ex-presidente se apresente primeiro no escritório do promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg. E, na sequência, participe da primeira audiência judicial do caso — o que significa que as acusações contra ele serão lidas, e ele vai se declarar culpado ou inocente perante um juiz.
Os advogados de Trump já disseram que ele se vai declarar inocente.
Joe Tacopina, da equipe jurídica que defende o ex-presidente, prometeu que qualquer acusação será combatida veementemente.
"Ele é alguém que estará pronto para esta luta", disse Tacopina ao programa This Week, da rede ABC, no último domingo.
"Estamos prontos para esta luta. E estou ansioso para andar com isso o mais rápido possível para isentá-lo."
Trump não será algemado, mas Tacopina acrescentou que outros detalhes da audiência ainda são um mistério.
"É sem precedentes... simplesmente não sei o que esperar", afirmou.
"O que eu espero é que entremos e saiamos de lá o mais rápido possível, que seja... uma audiência típica em que estamos diante do juiz, dizemos 'inocente', definimos cronogramas para apresentar moções e tudo mais... e seguimos em frente e saímos de lá."
Trump está sendo investigado no caso da transferência bancária de US$ 130 mil feita por seu ex-advogado, Michael Cohen, para a ex-atriz pornô Stormy Daniels antes da eleição presidencial de 2016.
Ele nega ter tido relação sexual com Daniels.
Pagar para comprar o silêncio de alguém não é considerado ilegal, mas o promotor de Manhattan está investigando se registros comerciais foram falsificados para cobrir o pagamento.
Trump enfrenta pelo menos uma acusação criminal no caso, de acordo com a imprensa americana. Mas algumas reportagens sugerem que são cerca de 30 acusações.
Os meios de comunicação pressionaram o juiz Juan Merchan a permitir câmeras dentro do tribunal — uma moção contestada pela equipe jurídica de Trump, que disse que "criaria um clima circense".
Mas na noite de segunda-feira, o juiz Merchan determinou que alguns fotógrafos serão autorizados a tirar fotos durante alguns minutos antes do início formal da audiência.
A expectativa é de que o ex-presidente seja liberado sob fiança e volte na noite desta terça-feira para sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, onde planeja fazer um pronunciamento às 21h15 (20h15, horário local).
A viagem dele de Palm Beach para Manhattan na segunda-feira foi acompanhada de perto por milhões de pessoas.
Rastreadores acompanharam seu avião — pintado de vermelho, branco e azul com "Trump" escrito em letras garrafais na lateral — durante o voo de quase quatro horas de West Palm Beach ao aeroporto LaGuardia, no Queens, em Nova York.
O cruzamento em torno da Trump Tower — a residência do ex-presidente em Manhattan — estava lotado de nova-iorquinos e turistas à sua espera.
Dezenas de equipes de imprensa montaram acampamento em cada esquina disponível, enquanto pelo menos cinco helicópteros de canais de notícias sobrevoavam a Quinta Avenida.
Trump acenou para os jornalistas e para a multidão antes de entrar no arranha-céu sob forte esquema de segurança, pouco depois das 17h15 (16h15, horário local).
Ele passou a noite de segunda-feira na Trump Tower consultando assessores jurídicos, uma equipe que cresceu com a inclusão do ex-promotor federal Todd Blanche, um advogado de defesa especializado em crimes de colarinho branco que anteriormente representou o ex-presidente da campanha de Trump, Paul Manafort.
A campanha de Trump para a Casa Branca em 2024 arrecadou mais de US$ 8 milhões desde que as notícias do indiciamento dele foram divulgadas na semana passada, de acordo com sua equipe.
Em uma coletiva de imprensa na segunda-feira, o prefeito da cidade de Nova York, Eric Adams, alertou qualquer potencial "agitador" para "se controlar".
A congressista Marjorie Taylor Greene, eleita pela Geórgia, planeja realizar uma manifestação pró-Trump perto do tribunal nesta terça-feira.
Diferentemente dos dias que antecederam o motim realizado por apoiadores de Trump no Capitólio em 2021, as autoridades de Nova York afirmam que não viram nenhum fluxo de manifestantes rumo à cidade nos últimos dias.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na segunda-feira a jornalistas que não tinha preocupação com a agitação em Nova York:
"Tenho fé no Departamento de Polícia de Nova York".
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