Jornal Correio Braziliense

França

Nestlé fecha fábrica na França após escândalo das pizzas contaminadas

A empresa justificou o encerramento pela queda das vendas e afirmou que vai lançar um processo para tentar encontrar um comprador para a fábrica

O grupo Nestlé anunciou nesta quinta-feira (30/3) o encerramento definitivo de uma fábrica de produtos da marca Buitoni em Caudry (norte), um ano depois de pizzas contaminadas terem causado a morte de dois menores e dezenas de intoxicações.

A Nestlé justificou o encerramento pela queda das vendas e afirmou que vai lançar um processo para tentar encontrar um comprador para a fábrica, a sua "prioridade nos próximos meses", informou em nota enviada à AFP.

"Nenhuma demissão será notificada antes de 31 de dezembro de 2023", disse a gigante suíça, que prometeu oferecer ao quadro de 140 funcionários permanentes "uma oportunidade de realocação interna".

A fábrica produzia pizzas congeladas Buitoni Fraîch'Up, que podem ter causado a morte de duas crianças e a intoxicação de dezenas de outros consumidores pela bactéria Escherichia coli.

O caso remonta a fevereiro de 2022, quando a inspeção sanitária francesa (SPF) e a diretoria de combate à fraude (DGCCRF) foram alertadas sobre o ressurgimento de casos de insuficiência renal em crianças devido à contaminação por E. coli.

Em 18 de março de 2022, a Nestlé retirou as pizzas do mercado e interrompeu a produção. A prefeitura proibiu qualquer atividade na fábrica depois que as autoridades de saúde estabeleceram um vínculo entre o consumo de pizzas e vários casos graves de intoxicação.

O Ministério Público de Paris abriu uma investigação de homicídio culposo em relação às duas mortes e a ferimentos involuntários em outras 14 pessoas, segundo uma fonte judicial.

O grupo afirmou que a "contaminação da farinha" seria a explicação "mais provável" para a presença da bactéria nas suas pizzas, mas segundo a prefeitura, a inspeção sanitária revelou a "presença de roedores" e uma "falta de manutenção e limpeza nas áreas de produção".

"Vou me reorientar, mas tenho 50 anos. Na fábrica já somos mais velhos, vai ser muito difícil", lamentou Christophe Dumez, auxiliar de cozinha há 30 anos no estabelecimento, que se reuniu nesta quinta-feira com outros trabalhadores em frente à fábrica.