Em Israel, um projeto de reforma do sistema judiciário, defendido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, serviu de pretexto para o "Dia da Paralisia". Dezenas de milhares de israelenses se manifestaram nas ruas de Tel Aviv e de outras cidades. Houve registro de confrontos com as forças de segurança. Antes de embarcar para Londres, o chefe de governo se comprometeu a "pôr fim à divisão no seio do povo" de Israel. A reforma busca aumentar o poder do Knesset (Parlamento) sobre os magistrados — uma manobra que colocaria em xeque o caráter democrático do Estado de Israel.
Enquanto os protestos ocorriam, o Knesset adotava uma lei que limita a possibilidade de declarar um premiê inapto para o cargo. Uma forma de blindar Netanyahu de um eventual processo de "impeachment".
Em entrevista ao Correio, Eytan Gilboa — professor de ciência política da Universidade Bar-Illan (em Ramat Gan, subúrbio de Tel Aviv) — disse que muitos israelenses não confiam em Netanyahu. "Ele não tem mais credibilidade no país e no exterior. Seu discurso deve aumentar os protestos contra o governo. Os dias críticos serão na segunda e na terça-feira da próxima semana, quando o Knesset deverá votar um tema-chave da reforma: a mudança na composição do comitê de seleção de juízes", disse.
Segundo Gilboa, o assunto é controverso pois subordinaria a Corte Suprema ao governo. "Isso violaria o princípio da separação de poderes e poderia mover Israel de uma democracia liberal a uma ditadura." Dez pessoas foram presas, em Tel Aviv. A polícia usou canhões d'água. Houve atos de rebeldia em Haifa (norte) e em Beer Sheva (sul). Em Bnei Barak (centro), moradores lançaram fogos de artifício contra participantes de uma marcha.