Um japonês que esteve no corredor da morte por quase meio século terá um novo julgamento. Iwao Hakamada, agora com 87 anos, é o condenado à morte mais antigo do mundo, de acordo com a Anistia Internacional. Ele foi sentenciado em 1968 por assassinar seu chefe, a esposa dele e seus dois filhos em 1966.
O ex-boxeador profissional confessou o crime após 20 dias de interrogatório durante o qual disse ter sido espancado. Posteriormente, ele recuou na confissão.
Grupos de direitos humanos criticam o sistema judicial do Japão. Segundo os críticos, o Japão depende demais de confissões — que, segundo eles, costumam ser obtidas à força pela polícia.
No novo julgamento, os juízes decidirão se o DNA das manchas de sangue encontradas nas roupas supostamente usadas pelo assassino corresponde ao de Hakamada. Seus advogados dizem que as evidências foram forjadas.
Iwao Hakamada foi preso e acusado de roubar e matar seu empregador e sua família em uma fábrica de processamento de missô em Shizuoka, cidade a oeste de Tóquio, em 1966. Eles foram encontrados mortos a facadas após um incêndio.
Em 2014, Hakamada foi solto e teve direito a um novo julgamento por um tribunal distrital, que concluiu que os investigadores poderiam ter plantado evidências. A decisão foi então anulada pelo tribunal superior de Tóquio.
Mas, após um recurso, os juízes da Suprema Corte instruíram o tribunal superior a reconsiderar, levando à decisão de realização de um novo julgamento.
"Eu esperei por este dia por 57 anos e ele chegou", disse a irmã de Hakamada, Hideko, de 90 anos, que passou anos fazendo campanha em nome de seu irmão. "Finalmente um peso foi tirado dos meus ombros."
A família de Iwao Hakamada diz que sua saúde mental se deteriorou depois de décadas na prisão. O Japão e os EUA são as únicas grandes democracias entre os países desenvolvidos que ainda usam a pena de morte.
A Anistia elogiou a decisão de realizar um novo julgamento como uma "chance há muito esperada de se fazer justiça". "A condenação de Hakamada foi baseada em uma 'confissão' forçada e há sérias dúvidas sobre as outras evidências usadas contra ele", disse o diretor do grupo no Japão, Hideaki Nakagawa.
O processo para um novo julgamento pode levar anos se houver novo recurso e os advogados têm protestado contra esse sistema. Muitos advogados no Japão também elogiaram a decisão, mas pediram aos promotores que "iniciem rapidamente o processo de novo julgamento sem fazer um apelo especial à Suprema Corte".
"Não podemos mais demorar para remediar o caso do senhor Hakamada, que está em idade avançada de 87 anos e sofre de problemas mentais e físicos após 47 anos de restrição física", disse o chefe da Federação Japonesa de Associações de Advogados, Motoji Kobayashi.
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