"Nada poderia ser feito para salvar os gêmeos". Foi o que a canadense Shakina Rajendram escutou dos médicos quando entrou em trabalho de parto com apenas 21 semanas e cinco dias, ou seja, pouco mais de cinco meses de gestação. Os profissionais chegaram a dizer para ela que os bebês tinham 0% de chance de sobrevivência. Mas contrariando as evidências, as duas crianças nasceram e este mês completaram um ano de vida. Eles são os gêmeos mais prematuros a conseguirem sobreviver e devido ao feito entraram para o livro dos recordes.
Adiah Laelynn e Adrial Luka Nadarajah vivem em Ontário, no Canadá, e nasceram 126 dias antes do previsto, em 4 de março de 2022. Juntos, os dois pesavam apenas 750 gramas (Adiah 330 g e Adrial 420 g). O recorde anterior era dos gêmeos Keeley e Kambry Ewoldt, que nasceram em 2018 nos Estados Unidos, 125 dias antes do previsto.
Os bebês canadenses nasceram exatamente com 22 semanas, o que fez com que os médicos tentassem salvar a vida deles. “Quando entrei em trabalho de parto, foram negadas aos bebês todas as medidas de suporte à vida no hospital em que fui internada e quase deixadas para morrer”, disse Shakina em entrevista ao livro dos recordes. Para os bebês, só foi oferecido o cuidado de conforto, em que eles seriam colocados sobre a mãe até que parassem de respirar.
Porém, Shakina foi transferida para o hospital Mount Sinai, que é especializado em tentar salvar bebês com 22 semanas. No entanto, quando ela entrou em trabalho ainda com 21 semanas, o que impedia que os médicos tentassem salvar a vida dos bebês.
Mas o inacreditável aconteceu, com idade gestacional de 22 semanas e 0 dias, os bebês nasceram pouco depois da meia noite e conseguiram sobreviver. Os bebês tiveram que ficar no hospital por seis meses. Eles chegaram a ter hemorragia cerebral e sepse. “Vimos os bebês quase morrerem diante de nossos olhos muitas vezes”, conta Skakina. Os pais são muito católicos e acreditam que o poder da oração salvou os nenéns. “Os bebês estiveram à beira da morte muitas vezes e, enquanto as pessoas rezavam, as coisas mudavam milagrosamente”, explicou Shakina.
Em um estudo de caso, publicado no Canadian Medical Association Journal, a enfermeira responsável pelo cuidado dos irmãos, Luzia Leong, lembrou a determinação os pais para que os bebês sobrevivessem. "Nem toda família consegue superar os cinco estágios do luto. Esta família refletiu sobre os desafios futuros. Eles mostraram resiliência e continuaram a ser proativos, para aprender e defender seus filhos. Foi a ânsia de Kevin e Shakina de superar quaisquer desafios que inspirou a mim e a toda a equipe da UTIN a deixar de lado nossas lutas pessoais e dedicar o nosso melhor", conta Luzia Leong.
De acordo com a Associação Brasileira de pais, familiares, amigos e cuidadores de bebês prematuros, as pesquisas têm mostrado taxas de sobrevivência de 2% a 15% para bebês que nascem com apenas 22 semanas.
No momento da alta, ambos respiravam sozinhos em ar ambiente e eram alimentados por via oral. Um ano depois, os bebês têm se desenvolvido bem. Eles ainda precisam do suporte de vários profissionais de saúde e já tiveram que voltar para o hospital algumas vezes. Mas aos poucos, eles estão crescendo e se desenvolvendo conforme o esperado.
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