Jornal Correio Braziliense

GUERRA NO LESTE EUROPEU

Moscou denuncia Kiev por ataque com drones em território russo

Segundo as autoridades russas, três aparelhos foram abatidos em diferentes pontos do país e um caiu nas proximidades da capital. Não houve vítimas nem destruição da infraestrutura. No leste da Ucrânia, cerco à cidade de Bakhmut se estreita

Em um cenário de recrudescimento da ofensiva russa para tomar a cidade ucraniana de Bakhmut, o Kremlin acusou, ontem, Kiev por uma série de ataques com drones, inclusive nas proximidades de Moscou, que visavam a infraestrutura civil. Três veículos foram derrubados e um caiu a cerca de 100km da capital, perto de uma estação de compressão de gás, segundo as autoridades russas. Nos últimos meses, houve vários incidentes do tipo, embora essa tenha sido a primeira vez na região da principal cidade do país.

De acordo com o governador Andrei Vorobiov, o drone caiu perto da cidade de Gubastovo. "Não há vítimas, nem destruição no terreno", informou, em mensagem no aplicativo Telegram. "O alvo era, provavelmente, uma infraestrutura civil", assinalou o governador, acrescentando que os serviços de segurança e "outras autoridades competentes estão investigando o ocorrido".

O grupo russo de energia Gazprom opera uma instalação perto de Gubastovo, onde o avião caiu. A empresa disse à agência de notícias estatal russa RIA Novosti que suas operações na área continuaram normalmente. "Não houve emergência", assegurou a Gazprom.

Pouco antes das declarações de Vorobiov, o Ministério da Defesa havia informado, por meio de um comunicado, que as forças russas haviam abatido dois drones no sul da Rússia. A nota acusava diretamente a Ucrânia pelo ataque.

"O governo de Kiev tentou atacar dois centros civis de infraestrutura na região de Krasnodar e na República da Adiguésia com drones", especificou o informe. "Os dois drones (...) foram neutralizados sem causar danos."

Na região de Briansk, na fronteira com a Ucrânia, autoridades também anunciaram que um drone ucraniano havia sido abatido. No Telegram, o governador Alexander Bogomaz destacou que o incidente não causou "nem vítimas nem danos".

Nos últimos tempos, Moscou tem acusado a Ucrânia por inúmeros ataques de drones contra infraestruturas militares russas dentro do país. Entre eles, estariam ofensivas na península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e na região de Belgorod, na fronteira.

Tensão

Em território ucraniano, a batalha por Bakhmut prossegue. Ontem, Kiev admitiu uma situação "extremamente tensa" na cidade que virou um símbolo da luta pelo controle da região do Donbass (leste). Tropas russas tentam fechar o cerco para conquistar a área, devastada por semanas de bombardeios.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky prometeu defender a cidade "pelo tempo que for necessário". "A situação ao redor de Bakhmut é extremamente tensa. Apesar de sofrer baixas significativas, o inimigo enviou as unidades de ataque mais bem preparadas (do grupo paramilitar) Wagner para tentar romper as defesas das nossas tropas", reconheceu o comandante das forças terrestres da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi.

O fundador do grupo Wagner, Yevgueny Prigozhin, anunciou no sábado a tomada por seus combatentes da localidade de Yahidne, na periferia norte de Bakhmut. Em janeiro, os russos controlaram Soledar e, no mês passado, Krasna Gora, também no norte.

Nas últimas semanas, as tropas russas avançaram lentamente em direção à cidade industrial, que tinha 70 mil habitantes antes da invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022. Os russos cortaram três das quatro rodovias de abastecimento das tropas ucranianas. Agora, resta como via de saída apenas a estrada que segue para Chasiv Yar, 15 km ao oeste.

Bakhmut foi destruída em larga escala pelos combates. O governador da região de Donetsk (leste), Pavlo Kyrylenko, anunciou em meados de fevereiro que pelo menos 5 mil civis, incluindo 140 menores de idade, permaneciam na cidade, apesar do perigo dos combates.

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