O papa Francisco, de 86 anos e internado em um hospital de Roma desde quarta-feira por uma infecção respiratória, está melhor e "voltou ao trabalho", anunciou o Vaticano nesta quinta-feira (30/3), reduzindo as preocupações sobre o estado de saúde do líder da Igreja Católica.
"Sua Santidade, o papa Francisco, descansou bem durante a noite. O quadro clínico melhora progressivamente, e os tratamentos previstos continuam. Esta manhã, depois do café da manhã, leu alguns jornais e voltou ao trabalho", afirmou em um comunicado o porta-voz do pontífice, Matteo Bruni.
Os próximos compromissos do líder da Igreja Católica foram cancelados. O Vaticano informou que Francisco permanecerá hospitalizado por vários dias para receber tratamento. "Antes do almoço, ele foi à capela do apartamento privado (do hospital), onde se recolheu em oração e recebeu a eucaristia", afirma o comunicado oficial.
O pontífice está no 10º andar do hospital romano Gemelli, totalmente reservado para os papas e chamado de "Vaticano 3" pelas sete vezes em que esteve internado João Paulo II, falecido em 2005. O papa argentino já esteve internado no mesmo hospital, que goza de sua confiança.
O anúncio de sua inesperada hospitalização provocou muitas perguntas sobre o estado de saúde do primeiro papa latino-americano da história. Depois de afirmar que a internação era motivada por "exames programados", o porta-voz do Vaticano finalmente anunciou, após várias horas de silêncio, que o pontífice sofria de uma "infecção respiratória".
"Nos últimos dias ele reclamava de dificuldades respiratórias e foi submetido a exames médicos durante o dia", explicou Bruni na quarta-feira.
Os exames médicos "mostraram uma infecção respiratória". O diagnóstico de covid-19 foi descartado, mas Francisco precisará de "vários dias de tratamento médico hospitalar adequado", explicou.
Fontes do hospital afirmaram que é possível que o pontífice possa comandar a missa de 2 de abril do Domingo de Ramos no Vaticano, "salvo imprevistos". A missa abre as celebrações da Semana Santa, que tem como ponto máximo o Domingo de Páscoa, a data mais importante do cristianismo.
Fontes religiosas afirmam que o Vaticano está preparando um programa alternativo caso o papa não tenha condições de presidir as cerimônias religiosas.
As cerimônias, no entanto, são longas e cansativas - como a Via Crúcis ao ar livre no Coliseu de Roma na Sexta-Feira Santa - para uma pessoa que passou vários dias internada. Francisco tem ainda uma viagem programada para a Hungria no fim de abril, à cidade de Budapeste, para acompanhar o encerramento de um Encontro Eucarístico Internacional.
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Renúncia não está descartada
A hospitalização surpreendeu a opinião pública, ainda mais porque na quarta-feira Jorge Bergoglio participou normalmente da tradicional audiência geral na Praça de São Pedro, durante a qual apareceu sorridente e saudou os fiéis do "papamóvel".
"Papa: O grande medo": a manchete desta quinta-feira do jornal La Stampa descreve momentos dramáticos, depois que o pontífice revelou "uma forte dor no peito", o que levou os auxiliares a chamar uma ambulância com urgência e decidir pela internação imediata.
Personalidades e líderes políticos de todo o mundo enviaram mensagens de pronta recuperação, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que pediu orações pela saúde do papa.
Francisco, que utiliza uma cadeira de rodas desde maio de 2022 devido à artrite em um joelho, passou por uma cirurgia no cólon em julho de 2021 no mesmo hospital de Roma, onde permaneceu internado por 10 dias.
O papa já afirmou que a operação deixou "sequelas" devido à anestesia e que, por este motivo, descartou uma nova cirurgia no joelho. Os problemas médicos o obrigaram a cancelar várias audiências em 2022 e a adiar uma viagem à África, o que provocou muitos questionamentos sobre uma possível renúncia.
Em várias entrevistas concedidas nos últimos meses, o papa mencionou a possibilidade de renunciar, assim como fez em 2013 seu antecessor, Bento XVI, que faleceu em dezembro de 2022.
"É verdade que escrevi a minha renúncia dois meses depois de minha eleição (em março de 2013)... Eu fiz isso para o caso de ter algum problema de saúde que me impeça de exercer meu ministério", revelou Francisco, embora depois tenha esclarecido que ainda não havia pensado em renunciar ao cargo.
Em julho do ano passado, ele confessou que já não podia viajar no mesmo ritmo de antes e declarou que poderia optar pelo afastamento.
No mês passado, ele voltou a abordar o tema para explicar que a renúncia de um papa "não deve virar uma moda" e destacou que a ideia "não estava em sua agenda no momento". O pontífice é atendido com frequência por uma equipe de médicos e enfermeiros, seja no Vaticano ou durante as viagens ao exterior.
Uma medida mais do que necessária devido a sua idade e ao seu histórico médico, já que aos 21 anos ele ficou à beira da morte por uma pleurisia e sofreu uma retira parcial de um dos pulmões.
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