A Organização das Nações Unidas (ONU) acusou, ontem, as forças ucranianas e russas de terem cometido dezenas de execuções sumárias de prisioneiros de guerra desde o início da invasão russa à Ucrânia. "Estamos profundamente preocupados com a execução sumária de até 25 prisioneiros de guerra e pessoas fora do combate russas", assim como pelos "15 prisioneiros de guerra ucranianos", disse a chefe da Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos na Ucrânia, Matilda Bogner.
De acordo com ela, as execuções de russos pelas Forças Armadas ucranianas foram cometidas, "com frequência, imediatamente depois da captura no campo de batalha". A ONU está ciente de cinco investigações em Kiev sobre 22 vítimas, mas "não sabemos se os perpetradores foram processados", afirmou Bogner. As 15 execuções documentadas de prisioneiros de guerra ucranianos também foram realizadas "logo após sua captura" — 11 pelas mãos da milícia paramilitar russa Wagner, acrescentou.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, Kiev e Moscou se acusam mutuamente de cometerem maus-tratos contra os prisioneiros. Em um relatório, a Missão de Monitoramento afirmou que membros das Forças Armadas ucranianas ameaçaram de morte, ou de violência social, prisioneiros de guerra russos e fizeram simulações de execuções — em vários casos, como forma de "represália". "Algumas vezes, oficiais agrediram os prisioneiros de guerra, dizendo a eles: 'Isto é por Bucha'", observou a missão, referindo-se a uma cidade perto de Kiev, onde as forças russas foram acusadas de cometer atrocidades.
"Antes do interrogatório, eles me mostraram um cabo de machado coberto de sangue como advertência", relatou um prisioneiro de guerra russo citado no relatório, que disse ter sido torturado com choques elétricos. O relatório também denuncia os maus-tratos infligidos aos prisioneiros de guerra ucranianos, como tortura, negação de atendimento médico, eventualmente levando à morte, violência sexual e privação de água e comida.
Os prisioneiros de guerra ucranianos declararam também que foram torturados e maltratados para obter informações, ou como punição. Descreveram agressões com pás, facadas, descargas elétricas e estrangulamentos. "Alguns perderam dentes, ou dedos, tiveram costelas, dedos, ou narizes, quebrados", enumera o relatório. Em novembro, o Kremlin ficou indignado com dois vídeos que mostravam a suposta execução de uma dezena de soldados russos que tinham acabado de se render às forças ucranianas.
O comissário dos direitos humanos do Parlamento ucraniano, Dmytro Lubinets, disse, pelo Telegram, estar "surpreso" com as acusações contra as tropas ucranianas e afirmou que não havia sido informado com antecedência. Sem negar diretamente as supostas violações atribuídas às forças ucranianas, Lubinets afirmou que queria "ter conhecimento dos fatos e argumentos indiscutíveis nos quais se baseiam as conclusões" do relatório da ONU.
China
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que acredita que a China não enviou armas à Rússia desde o início da invasão da Ucrânia. "Não considero a China levianamente. Não considero a Rússia levianamente", disse Biden durante uma visita ao Canadá. "Ouvi nos últimos três meses que a China forneceria armas significativas para a Rússia. (...) Eles não o fizeram até agora. Isso não significa que não o farão, mas não o fizeram ainda."
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