Lisboa — De olho no apoio de Jair Bolsonaro, que conta com muitos eleitores em Portugal, o deputado André Ventura, presidente do Chega, partido de extrema-direita, decidiu escantear o discurso altamente xenófobo com o qual se dirige aos estrangeiros que vivem no país europeu. A meta é atrair o máximo possível de simpatia da comunidade brasileira, que, neste mês, bateu novo recorde, totalizando mais de 300 mil pessoas legalizadas em território luso. Parcela desse pessoal tem direito a voto e, mais do que isso, capilaridade para disseminar o pensamento ultraconservador do Chega, sobretudo por meio das igrejas evangélicas.
Indagado pelo Correio sobre os frequentes ataques de xenofobia, Ventura afirmou que seu partido tem boas relações com os brasileiros estabelecidos em Portugal. “O Chega tem muitas centenas de militantes brasileiros, tem dirigentes brasileiros, que têm falado em congressos, que tem lugar de destaque na máquina partidária. Tenho dúvidas se qualquer outro partido português tem tantos dirigentes brasileiros”, ressaltou. “São imigrantes que vieram para Portugal em busca de uma vida melhor.”
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Para o líder extremista, parte do crescimento da população brasileira em Portugal tem a ver com o “socialismo no Brasil”, que, no entender dele, é representado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Muitos dos brasileiros que estão em Portugal e dos que estão chegando têm fugido do socialismo. E queremos eles aqui para partilharmos experiência do que tem sido o socialismo em Portugal e no Brasil”, assinalou. “O Chega tem uma relação perfeita com a comunidade brasileira e vamos continuar a incentivar essa relação, porque, hoje, é a mais expressiva entre os estrangeiros que vivem em Portugal”, afirmou.
Apesar desse discurso amigável, dentro do Chega, a gritaria é geral contra os imigrantes que vivem em Portugal. Integrantes da legenda disseminam, por meio das redes sociais em discursos na Assembleia da República, acusações de que os estrangeiros estão “roubando” empregos dos portugueses e “degradando” os valores morais da sociedade. Ironicamente, entre os imigrantes, os brasileiros são os que mais apoiam o partido de extrema-direita, que reunirá, em maio, os principais líderes mundiais dessa corrente política em Lisboa, entre eles, Jair Bolsonaro e Donald Trump, ex-presidentes do Brasil e dos Estados Unidos.
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