Lisboa — Além do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que deve prolongar sua temporada fora do Brasil, o Chega, partido de extrema-direita de Portugal, está negociando a participação de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, na reunião que fará na metade de maio com o intuito de criar um movimento para “enfrentar o socialismo na Europa, nos Estados Unidos e na América do Sul”. Segundo o presidente da legenda, André Ventura, a meta é fazer de Lisboa o centro europeu contra o pensamento de esquerda, que, no entender dele, faz mal à sociedade. “Vamos criar um evento com o objetivo ambicioso de ser um polo, uma alternativa à Conferência Conservadora que ocorre todos os anos nos EUA”, afirmou.
Ventura destacou que a presença de Bolsonaro no encontro está quase certa e foi negociada com o PL, partido do ex-presidente brasileiro, e com o filho dele, deputado Eduardo Bolsonaro. “Os contatos já existiam, já vinham sendo feitos. Havia uma vontade mútua de que isso ocorresse. O próprio Eduardo e o PL já tinham aconselhado Jair Bolsonaro a visitar Portugal e Espanha. A expectativa é de que, além de Lisboa, ele vá a Roma e a Madri”, assinalou, certo de que haverá uma grande movimentação da comunidade brasileira em torno do evento.
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Bolsonaro nunca esteve em Portugal enquanto presidente. E, na visão de Ventura, isso tem muito a ver com o fato de o mandato do brasileiro ter coincidido com um governo socialista em Portugal. “Penso, também, que não houve nenhuma iniciativa diplomática e política para que Bolsonaro viesse a Portugal. Agora, se vier a convite do Chega, será, para nós, um reconhecimento muito grande, assim como no caso de todos os líderes de direita que queiram estar em Lisboa na luta para combater o socialismo”, destacou.
Para o deputado português, o encontro, que deve durar dois dias, será um marco. “Vamos juntar lideranças mundiais de direita. Queremos muito ter o líder norte-americano e o ex-presidente do Brasil em Lisboa”, reforçou. No caso de integrantes da ultradireita europeia, foram contactados, entre outros, Marine Le Pen, da França; Santiago Abascal, da Espanha; Geert Wilders, da Holanda; e Giorgia Meloni e Matteo Salvini, da Itália. Os dois últimos não devem participar do evento, pois estão envolvidos com assuntos executivos de seu país.
Enfrentamento a Lula
No caso do Brasil, especificamente, o presidente do Chega disse que o congresso com lideranças de ultradireita fará muito sentido por causa da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República. “A presença do ex-presidente brasileiro em Lisboa será, portanto, muito importante para o movimento conservador internacional”, ressaltou. “A integração entre a Europa e o Brasil nos parece fundamental na luta contra o socialismo”, acrescentou.
Ventura reconheceu que, hoje, esse grupo de líderes de extrema-direita da Europa já se faz representar por meio do Fórum de Madri. Mas, segundo ele, nada impede que representantes do Vox, o partido extremista da Espanha, se junte ao evento de Lisboa.
“Como tem sido prática entre os dois partidos, estamos conversando. Eu já convidei o presidente do partido, Santiago Abascal. Mas sabemos que está num momento difícil, pois ele tem eleições de todos os tipos por agora e eleições gerais em dezembro. Mas o Vox estará presente. Queremos testar o modelo e ver como funciona, pois um evento desse porte tem um custo financeiro, logístico, administrativo e político, que, para o Chega, será um desafio. Temos de ser realistas”, frisou.
A meta é ter um encontro a cada um ou dois anos, e isso será negociado com o Vox para que não haja concorrência em relação ao que se pretende. “Aqui se trata, sobretudo, de um movimento de partidos de direita, conservadores, contra o socialismo de todo o mundo. E procuramos reforçar essa ligação entre a Europa, os Estados Unidos e o Brasil por serem, hoje, polos fundamentais onde a batalha política se trava”, assinalou.
“O evento vai acontecer e queremos que tenha o máximo de repercussão mundial. Isso não vai depender apenas de nós, pois há as circunstâncias políticas, de logística e financeira. Já avisamos o governo português sobre necessidade de segurança e protocolos”, afirmou o presidente do Chega. Ele destacou que ainda está sendo definido o local do congresso. “Tudo estará definido em uma semana e meia. O Chega deve financiar grande parte do evento. Mas teremos de pedir apoio, com transparência”, emendou.
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