O pescador palestino Jihad Al Hisi se aventurou para além da zona imposta por Israel e pode ter seu barco confiscado, em definitivo, por um tribunal israelense.
Às 6h30 locais, no porto de Gaza, os pescadores descarregam sua última captura noturna para ser leiloada nas docas. O barco de Jihad volta do sul, perto do limite marítimo com o Egito, onde pescou "gambaris", grandes camarões. Sua embarcação amarelo-brilhante tem um nome, mas foi apagado recentemente.
"Não quero que os israelenses nos vejam e levem meu barco", explica esse homem de 55 anos, que vem de uma grande família de pescadores.
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Em 14 de fevereiro de 2022, sua embarcação se aventurou para além da zona marítima imposta por Israel na Faixa de Gaza desde 2007, após a chegada dos islâmicos do Hamas ao poder.
“Cerca de 100 metros além da zona, fomos surpreendidos por três barcos israelenses. Atacaram nossa embarcação, amarraram e prenderam a gente", conta Nihad Al Hisi, irmão de Jihad.
O limite da zona de pesca varia atualmente entre 6 e 15 milhas náuticas da costa de Gaza, enquanto nos acordos de Olso entre israelenses e palestinos de Oslo, assinados na década de 1990, foram fixados em 20.
Por isso, Jihad considera que continua respeitando a lei, quando ultrapassa os limites do bloqueio marítimo israelense. Reconhece, contudo, que às vezes possa ir mais longe, não para fazer contrabando, mas para tentar encontrar camarão, cujo preço de exportação gira em torno de US$ 22 dólares o quilo.
- Batalha legal -
Confiscado por Israel, seu barco está agora no centro de uma verdadeira batalha legal em Gaza, onde a pesca continua sendo um dos poucos motores econômicos.
A cada dia, aumenta o número de apreensões temporárias, por parte de Israel, de barcos de pesca – suspeitos de contrabando, ou de terem cruzado a área designada.
Segundo a ONG palestina Al Mezan, houve 23 apreensões em 2022, um recorde desde 2018. No ano passado, também foram registrados 474 incidentes de segurança envolvendo pescadores de Gaza, algo nunca visto desde 2017.
Jihad Al Hisi pode nunca mais ver seu barco. As autoridades israelenses pediram à Justiça que "apreenda permanentemente" sua embarcação, conforme documentos apresentados em audiência e consultados pela AFP.
Ele é acusado "de ter violado, em várias ocasiões, as restrições de segurança impostas pelo Exército israelense na zona marítima adjacente a Gaza".
A ONG israelense Gisha impugnou o pedido e, em setembro, obteve a restituição do barco. A batalha continua, porém, no tribunal israelense de Haifa (norte), onde o Estado judeu tenta retomar, por decisão judicial, o barco Jihad. Nesse meio-tempo, ele voltou a se aventurar fora da zona de pesca.
Nos documentos consultados pela AFP, Israel afirma que o pescador “abusa” das proteções legais e que a sua tripulação “ameaçou” a segurança dos soldados durante a captura no mar.
As autoridades militares israelenses alegam que querem apoiar a economia de Gaza sem comprometer a segurança de Israel.
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