GUERRA NO LESTE EUROPEU

Putin faz visita surpresa à cidade ucraniana ocupada de Mariupol

O presidente russo fez essas viagens um dia depois de o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, pedir sua prisão pela deportação de crianças em áreas da Ucrânia

Agence France-Presse
postado em 19/03/2023 13:51 / atualizado em 19/03/2023 13:51
 (crédito: VGTRK / POOL / AFP)
(crédito: VGTRK / POOL / AFP)

O presidente russo, Vladimir Putin, fez uma visita surpresa à cidade ucraniana de Mariupol, devastada por bombardeios, em sua primeira viagem à zona ocupada desde o início da ofensiva russa na Ucrânia. Putin chegou de helicóptero a Mariupol, no Donbass, e percorreu a cidade dirigindo ele mesmo um veículo, informou o Kremlin neste domingo (19/3).

De acordo com as imagens transmitidas pela televisão estatal russa, a viagem ocorreu à noite. Nas imagens divulgadas, vê-se o presidente russo nas ruas, conversando com moradores. “Rezamos por você”, diz uma moradora, acrescentando que a cidade é “um pequeno paraíso”.

Putin também visitou a recém-reconstruída filarmônica local e recebeu um informe sobre o trabalho de reconstrução de Mariupol, detalhou a assessoria de imprensa do Kremlin.

Esta foi sua primeira visita a esta cidade portuária do sudeste da Ucrânia, devastada após meses de cerco pelas forças russas, que assumiram seu controle em maio de 2022.

Segundo o Kremlin, o presidente russo também teve uma reunião com oficiais do Exército russo em Rostov do Don (sul da Rússia), perto da fronteira ucraniana. O chefe do Estado-Maior, general Valery Gerasimov, participou do encontro.

O presidente russo chegou a Mariupol depois de visitar a Crimeia no sábado, no aniversário da anexação dessa península por Moscou em 2014.

Mandado de prisão pendente 

O presidente russo fez essas viagens um dia depois de o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, pedir sua prisão pela deportação de crianças em áreas da Ucrânia ocupadas pela Rússia. Kiev afirma que mais de 16.000 crianças ucranianas foram deportadas para a Rússia desde o início do conflito.

A Rússia, que não faz parte dos países-membros do TPI, considerou esse mandado "nula e sem efeito". Em Sebastopol, o porto de base da Frota Russa do mar Negro na Crimeia, Putin participou da inauguração de uma escola de arte infantil, junto com o governador local, Mikhail Razvozhayev, conforme imagens transmitidas pela televisão pública Rossia-1.

"Nosso presidente Vladimir Vladimirovich Putin sabe como surpreender. No bom sentido da palavra", escreveu Razvozhayev no Telegram. A visita não significou uma pausa nas operações militares do leste da Ucrânia, nas quais pelo menos duas pessoas morreram em bombardeios russos, segundo fontes ucranianas.

A Rússia anexou a Crimeia em 18 de março de 2014, após um referendo não reconhecido por Kiev, nem pela comunidade internacional.

Em janeiro, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reafirmou a soberania da Ucrânia sobre a Crimeia e sua recusa a incluí-la como concessão em qualquer negociação de paz. Moscou insiste, no entanto, em que "a Crimeia é russa".

"Nova era" 

O presidente chinês, Xi Jinping, chega à Rússia na segunda-feira (20/3) para uma visita, na qual vários acordos serão assinados, marcando, segundo o Kremlin, o início de uma "nova era" nas relações entre os dois países aliados.

Prevista para terminar na quarta-feira (22), a visita de Xi ocorrerá quase 13 meses após o início da ofensiva russa na Ucrânia, que isolou Moscou, em boa medida, no plano internacional.

Governos ocidentais esperam que Xi aproveite sua visita a Moscou para pedir a seu "velho amigo" Vladimir Putin que ponha fim ao conflito.

A China não condenou a ofensiva militar e tentou se apresentar como um ator neutro na disputa. Sua posição foi criticada por líderes ocidentais, que acreditam que a potência asiática está dando cobertura diplomática a Moscou.

Os Estados Unidos chegaram a acusar a China de estar cogitando a entrega de armas à Rússia, o que Pequim negou de forma categórica. Durante a visita, Xi e Putin vão discutir cooperação militar e técnica, segundo o Kremlin.

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