O TikTok, o popular aplicativo chinês para criar e compartilhar vídeos, deve ser banido em telefones e outros dispositivos usados por ministros e funcionários públicos do Reino Unido.
Ainda não há um posicionamento oficial quanto à proibição, mas um anúncio é esperado nas próximas horas.
Vários departamentos governamentais têm contas no TikTok — e o Ministério da Defesa publicou um vídeo de um tanque Challenger 2, um tipo fornecido à Ucrânia, em sua conta na manhã desta quinta-feira (16/03).
O TikTok é acusado de entregar dados dos usuários ao governo chinês. A empresa nega com veemência a acusação.
Estados Unidos, Canadá, Bélgica e Índia são alguns dos países que decidiram banir o TikTok dos dispositivos oficiais. A Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, também tomou a mesma medida.
Por seu lado, o TikTok afirmou que as proibições foram baseadas em "medos inoportunos e aparentemente impulsionados por uma geopolítica mais ampla", acrescentando que a empresa ficaria "desapontada com tal movimento" caso ele ocorresse no Reino Unido.
O TikTok argumenta que não compartilha dados com autoridades chinesas, mas as leis de inteligência do gigante asiático exigem que as empresas ajudem o Partido Comunista quando solicitadas.
Os críticos temem que essa norma possa expor a Pequim dados de dispositivos usados por líderes e autoridades políticas.
O Parlamento britânico fechou sua conta no TikTok em agosto passado. O perfil "Downing Street TikTok" não é mais atualizado desde que o ex-premiê Boris Johnson deixou o cargo em setembro de 2022, mas outros, incluindo o do secretário de Energia Grant Shapps, foram atualizados recentemente.
Os EUA baniram o TikTok dos dispositivos oficiais em dezembro, e a Comissão Europeia fez o mesmo em 23 de fevereiro.
O Partido Trabalhista britânico, que faz oposição ao governo atual, liderado pelo Partido Conservador, diz que cinco dias depois, a secretária de Ciência, Michelle Donelan, disse que usar o TikTok era uma questão de "escolha pessoal", acrescentando que uma proibição seria algo "muito direto".
Entenda a polêmica
No início deste mês, a China acusou os EUA de reagir exageradamente depois que funcionários federais receberam ordens de remover o aplicativo de vídeo TikTok de dispositivos oficiais.
Na ocasião, a Casa Branca havia dado às agências governamentais 30 dias para garantir que os funcionários não tivessem o aplicativo de propriedade chinesa em dispositivos federais.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China acusou os EUA de abusar do poder do Estado para suprimir empresas estrangeiras.
"Nos opomos firmemente a essas ações erradas", disse a porta-voz Mao Ning a repórteres durante entrevista coletiva.
"O governo dos Estados Unidos deve respeitar os princípios da economia de mercado e da concorrência leal, parar de reprimir as empresas e proporcionar um ambiente aberto, justo e não discriminatório para as empresas estrangeiras nos Estados Unidos."
"Quão insegura de si mesma pode ser a maior superpotência do mundo, como os EUA, para temer dessa maneira o aplicativo favorito dos jovens?", acrescentou ela.
Autoridades ocidentais têm demonstrado preocupação cada vez maior com o TikTok - que pertence à empresa chinesa ByteDance — nos últimos meses.
No entanto, a Austrália disse que não recebeu nenhuma recomendação de seus serviços de inteligência recomendando que seguisse os exemplos dos EUA, UE e Canadá.
O TikTok é acusado de coletar dados dos usuários e entregá-los ao governo chinês — neste sentido, algumas agências de inteligência ocidentais demonstram preocupação com a possibilidade de informações confidenciais serem expostas quando o aplicativo é baixado em dispositivos oficiais.
A empresa diz que não opera de maneira diferente de outras do ramo e que nunca cumpriria uma ordem de transferência de dados.
A ordem para a remoção do aplicativo de todos os dispositivos de propriedade do Estado foi tomada pelo Escritório de Administração e Orçamento dos Estados Unidos para proteger dados confidenciais.
A agência disse que a orientação marcou um "passo crítico na abordagem dos riscos apresentados pelo aplicativo para dados confidenciais do governo".
Alguns escritórios federais — incluindo a Casa Branca e os Departamentos de Defesa, Segurança Interna e Estado — já baniram o TikTok de seus dispositivos.
O diretor federal de segurança da informação dos EUA, Chris DeRusha, disse que a medida enfatiza o "compromisso contínuo do governo Biden em proteger nossa infraestrutura digital e proteger a segurança e a privacidade do povo americano".
O Canadá também impôs uma nova proibição do aplicativo em dispositivos governamentais no início de março.
A decisão seguiu uma revisão conduzida pelo diretor de informações do país, que determinou que o aplicativo apresentava "um nível inaceitável de risco à privacidade e segurança".
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse que havia preocupação suficiente com a segurança do aplicativo para exigir a mudança.
"Este pode ser o primeiro passo, este pode ser o único passo que precisamos dar", disse ele na segunda-feira (13/03) em uma coletiva de imprensa perto de Toronto.
E o Parlamento Europeu também aprovou a proibição do aplicativo nos telefones dos funcionários, seguindo a decisão da Comissão Europeia.
Um porta-voz do TikTok disse à BBC que as proibições foram adotadas "sem qualquer deliberação" e equivaliam a "pouco mais do que teatro político".
No ano passado, o TikTok se tornou o aplicativo mais baixado do mundo.
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