O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês), Rafael Grossi, se mostrou preocupado nesta quinta-feira (09/03) com o mais recente ataque à usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia.
Uma série de bombardeios de mísseis russos na quinta — que provocou a morte de pelo menos nove pessoas — deixou a maior usina nuclear da Europa sem energia.
Houve registros de ofensivas nas cidades de Kharkiv (norte), Odessa (sul) e Zhytomyr (centro-oeste). Ataques à capital Kiev também foram relatados.
O governo ucraniano diz que a Rússia disparou 81 mísseis — no que seria o maior ataque em semanas.
Grossi disse ao conselho de administração da agência que uma ação urgente era necessária para proteger a segurança do local.
"Estou surpreso com a complacência — o que estamos fazendo para evitar que isso aconteça? Nós somos a IAEA, devemos nos preocupar com a segurança nuclear."
"Cada vez lançamos um dado. E se permitirmos que isso continue repetidas vezes, um dia nossa sorte vai acabar", alertou o chefe do órgão de vigilância nuclear da ONU.
"Peço a todos nesta sala hoje e em todos os lugares — devemos nos comprometer a proteger a segurança da usina. E precisamos nos comprometer AGORA. O que precisamos é de ação."
A operadora de energia nuclear Energoatom disse que o ataque à usina de Zaporizhzhia fez com que o "último elo" entre a instalação e o sistema de energia ucraniano fosse cortado.
Pela sexta vez desde que foi tomada pela Rússia há um ano, a usina está operando com geradores a diesel, que têm suprimento suficiente para durar pelo menos 10 dias.
"Esta é a sexta vez — deixe-me repetir, a SEXTA vez, que a usina de Zaporizhzhia está sem energia e tem que operar neste modo de emergência. Deixe eu lembrar a vocês — esta é a maior usina nuclear da Europa", ressaltou Grossi.
Prédios e infraestrutura foram atingidos em Kharkiv e Odessa, com apagões de energia em várias áreas.
Os militares afirmaram ter derrubado com sucesso 34 mísseis de cruzeiro e quatro dos oito drones Shahed de fabricação iraniana que foram disparados.
Foi o dia com mais ataques de mísseis russos na Ucrânia desde o final de janeiro, quando 11 pessoas morreram depois que dezenas de edifícios foram atingidos em várias regiões.
Nos ataques desta quinta-feira, pelo menos cinco pessoas foram mortas em Lviv, no oeste da Ucrânia, depois que um foguete atingiu uma casa, informou o governador da região, Maksym Kozytskyi, no Telegram.
Um bombardeio russo matou três pessoas na cidade de Kherson, no sul do país, onde uma parada do transporte público foi atingida, segundo o chefe de gabinete presidencial da Ucrânia, Andriy Yermak.
E uma pessoa morreu e outras duas ficaram feridas após ataques de drones e mísseis na região de Dnipropetrovsk, de acordo com o governador Serhii Lysak.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que foi "uma noite difícil" depois que a Rússia retomou suas "táticas desprezíveis".
Ele afirmou que os sistemas de energia estavam sendo restabelecidos e todos os serviços estavam funcionando depois dos ataques.
Em Kiev, os serviços de emergência operam nos distritos oeste e sul da capital, onde o prefeito, Vitaly Klitschko, disse que ocorreram explosões.
Klitschko contou que carros estavam em chamas no pátio de um prédio residencial e pediu à população que permaneça em abrigos. Grande parte da cidade ficou sem eletricidade, com quatro em cada dez pessoas sem energia, acrescentou.
Um ataque com míssil atingiu uma instalação de energia na cidade portuária de Odessa, provocando cortes de energia, segundo o governador regional. Áreas residenciais também foram atingidas, mas não houve vítimas.
"Cerca de 15" ataques atingiram a cidade e região de Kharkiv, com "instalações de infraestrutura crítica" e um prédio residencial como alvo, informou o chefe da administração regional, Oleg Synegubov.
Outras regiões atingidas incluem Vynnytsia e Rivne, no oeste, e Dnipro e Poltava, no centro do país.
O presidente russo, Vladimir Putin, lançou sua invasão há pouco mais de um ano. Desde então, dezenas de milhares de combatentes e civis foram mortos ou feridos — e milhões de ucranianos se tornaram refugiados.
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