O presidente da Rússia, Vladimir Putin, denunciou, nesta quinta-feira (2/3), um ataque "terrorista" cometido por "sabotadores" infiltrados da Ucrânia, cujo governo negou qualquer envolvimento no episódio, atribuindo-o a uma "provocação" orquestrada por Moscou.
Segundo as autoridades russas, dois civis morreram, e um garoto de 11 anos foi ferido, por "sabotadores" que abriram fogo contra um carro na localidade de Lyubechane, na província de Briansk, fronteiriça com a Ucrânia.
O comando teria feito reféns, segundo as agências de notícias russas Ria Novosti, TASS e Interfax, que citaram testemunhas e fontes das forças de segurança. A AFP não conseguiu verificar essas informações com fontes independentes.
O Exército russo "protege a Rússia e nosso povo contra os neonazistas e os terroristas [...] Aqueles que cometeram um novo ataque terrorista hoje se infiltraram em nosso território fronteiriço e abriram fogo contra civis", afirmou em um discurso exibido na televisão.
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O conselheiro de Segurança da presidência da Ucrânia, Mikhailo Podoliak, classificou as afirmações como uma "provocação deliberada" da Rússia com o objetivo de "assustar sua população para justificar" a ofensiva no território vizinho.
Em Kupiansk, cidade localizada na linha de frente a cerca de 50 km da fronteira russa, as autoridades pediram a evacuação dos residentes vulneráveis diante do temor de um ataque russo.
Kiev também ordenou a evacuação de territórios adjacentes no nordeste, depois que o governador da província de Kharkiv, Oleh Synyehubov, disse que Moscou "bombardeou" várias cidades na área.
As tropas ucranianas recuperaram o controle de várias cidades nesta região do nordeste, incluindo Kupiank, em setembro, mas temem que possam cair nas mãos dos russos novamente.
'Sob controle'
As províncias russas de fronteira com a Ucrânia foram alvo de vários bombardeios desde o início do conflito, mas é incomum que as autoridades apresentem relatos sobre um grupo de sabotadores. Segundo o governador provincial, Alexander Bogomaz, "os sabotadores abriram fogo contra um veículo em movimento".
O serviço de segurança russo (FSB) e as autoridades de Briansk informaram que fizeram operações para "eliminar" um grupo de "sabotadores" ucranianos infiltrados nesta região, localizada a cerca de 400 km a sudoeste de Moscou.
Em dois vídeos publicados nas redes sociais, quatro homens de uniforme que afirmam serem membros de um grupo de "voluntários russos" do Exército ucraniano reivindicam terem-se infiltrado em Briansk. Nas gravações, cuja autenticidade a AFP também não pôde verificar, os homens negam terem tomado reféns, ou matado civis, e criticam Moscou.
O incidente levou Putin a cancelar uma viagem ao Cáucaso russo. Posteriormente, o FSB disse que a situação estava "sob controle" e que os "nacionalistas ucranianos" haviam sido expulsos para seu país. Lá, foram alvo de "um bombardeio maciço de artilharia".
Segundo o FSB, "um grande número de explosivos" foi encontrado, e as operações de desminagem estavam em andamento.
Rússia denuncia 'farsa' no G20
As tensões entre a Rússia e a Ucrânia foram sentidas até na cúpula do G20 em Nova Délhi, onde Sergei Lavrov, o ministro das Relações Exteriores russo, culpou representantes ocidentais por atrapalhar a reunião e transformá-la em uma "farsa".
Lavrov teve um breve encontro com seu contraparte americano, Antony Blinken, que o exortou a pôr fim ao conflito na Ucrânia, à margem da reunião ministerial. Foi o primeiro embate direto entre os dois líderes desde o início da ofensiva russa na Ucrânia.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, tentou minimizar a importância do encontro e garantiu que foi Blinken quem o iniciou.
A Índia queria que sua presidência do G20 se concentrasse em questões como redução da pobreza e mudança climática, mas a guerra na Ucrânia acabou sendo o assunto dominante na cúpula.
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