Em represália à morte de dois irmãos israelenses, colonos atacaram a cidade palestina de Huwara, no norte da Cisjordânia ocupada, deixando um rastro de destruição. Casas e carros foram incendiados na brutal ação, que deixou um morto e mais de 350 feridos. A ofensiva ocorreu poucas horas depois de uma reunião na Jordânia durante a qual representantes israelenses e palestinos firmaram o compromisso de "evitar novos atos de violência" e buscar formas de acalmar a situação após vários dias sangrentos na região. Em um fato raro, as autoridades israelenses pediram calma aos colonos.
Revoltados com o assassinato dos irmãos, mortos a tiros por um atirador palestino, dezenas de colonos israelenses entraram em Huwara atirarando pedras contra as residências. Não demorou para que começassem a atear fogo em imóveis e em dezenas de veículos. "Queimaram tudo que encontraram pela frente", declarou o morador Kamal Odeh à agência France Presse. "Nem as árvores escaparam", acrescentou.
"Consideramos essas ações como atos de terrorismo", observou um dirigente do exército israelense. Ele relatou que entre 300 e 400 colonos entraram na localidade palestina com desejo de "vingança". Oito pessoas foram detidas — a maioria liberada em seguida, informou a polícia.
Ainda na tarde de domingo, um palestino também foi assassinado a tiros quando as forças de Israel e colonos entraram em Zaatara, outra localidade próxima de Nablus, no norte da Cisjordânia.
O governo israelense classificou a morte dos colonos como um "ataque terrorista palestino". "Queremos segurança, mas a responsabilidade de garanti-la depende exclusivamente do Exército", ressaltou Esty Yaniv, mãe dos dois colonos mortos.
Centenas de pessoas foram aos funerais em Jerusalém. Os caixões dos colonos, carregados por familiares e soldados, estavam cobertos com bandeiras israelenses. "Eu peço que não façam justiça por conta própria e que deixem que as forças de segurança cumpram sua missão", destacou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Na mesma linha, o ministro da Defesa do Estado hebreu, Yoav Gallant, insistiu durante uma visita a Huwara que "não se pode tolerar essa situação, na qual os cidadãos fazem justiça por conta própria".
O episódio teve imediata repercussão internacional. A França criticou o ataque dos colonos e considerou "inaceitável a violência contra civis palestinos". O governo da Alemanha afirmou que é "urgente" trabalhar para "evitar que a situação, já muito tensa, se agrave ainda mais".
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, se somou às condenações dos últimos atos de violência e informou que um israelense morto, ontem, em Jericó, também tinha nacionalidade americana.
O movimento islamita palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, defendeu o combate "ao terrorismo dos colonos". Há quase um ano, o Exército israelense intensifica as operações no norte da Cisjordânia, apresentadas como ações "antiterroristas". Na quarta-feira passada, 11 palestinos morreram em Nablus na incursão militar israelense com o maior número de vítimas na Cisjordânia desde 2005.
Desde o começo do ano, o conflito custou a vida de 63 palestinos, incluindo integrantes de grupos armados, bem como de 11 civis e um policial israelenses, além de uma cidadã ucraniana, segundo contagem feita pela AFP com base em fontes oficiais.
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