Jornal Correio Braziliense

TERREMOTO

Milhares se oferecem para adotar bebê retirada de escombros após terremoto na Síria

Quando foi resgatada, a bebê Aya - nome que significa milagre em árabe - ainda estava ligada à mãe pelo cordão umbilical. A mãe conseguiu dar à luz, mas não sobreviveu

Milhares de pessoas se ofereceram para adotar a menina que nasceu sob os escombros de um prédio que desabou no noroeste da Síria após o terremoto de segunda-feira (06/02).

Quando foi resgatada, a bebê Aya - nome que significa milagre em árabe - ainda estava ligada à mãe pelo cordão umbilical. A mãe conseguiu dar à luz, mas não sobreviveu.

O pai e todos os quatro irmãos da recém-nascida também morreram depois que o terremoto atingiu a cidade de Jindayris.

Vídeos do resgate de Aya viralizaram nas redes sociais. Imagens mostraram um homem correndo dos escombros de um prédio, segurando um bebê coberto de poeira.

Khalil al-Suwadi, um parente distante que estava lá quando ela foi resgatada, levou a recém-nascida ao médico na cidade síria de Afrin.

"Ela chegou na segunda-feira em um estado muito ruim, tinha inchaços, hematomas, estava com frio e mal respirava", diz Hani Marouf, o pediatra que cuidou dela.

Aya agora está no hospital e em condição estável.

Pedidos de adoção

O diretor do hospital onde a bebê se encontra, Khalid Attiah, diz que recebeu dezenas de ligações de pessoas do mundo todo querendo adotá-la.

Attiah disse que não permitirá que ninguém a adote agora.

"Até que sua família distante retorne, estou tratando-a como se fosse minha (filha)", afirma.

O diretor do hospital tem uma filha apenas quatro meses mais velha que Aya. Por enquanto, sua esposa está amamentando a bebê resgatada ao lado de sua própria filha.

Milhares de pessoas nas redes sociais também pediram detalhes para adotá-la.

"Estou pronto para cuidar e adotar esta criança... Se os procedimentos legais me permitirem", disse um âncora de TV do Kuwait.

Getty Images
A bebê perdeu a mãe, o pai e os quatro irmãos na tragédia

Busca por entes queridos

Na cidade natal de Aya, Jindayris, as pessoas têm procurado por entes queridos em prédios desabados.

"A situação é um desastre. Há tantas pessoas sob os escombros... Ainda há pessoas que ainda não conseguimos tirar", diz à BBC Mohammed al-Adnan, um jornalista local.

Ele estimou que 90% da cidade foi destruída e a maior parte da ajuda até agora veio da população local.

Equipes de resgate - que ficaram familiarizados com a retirada de pessoas dos escombros por mais de uma década durante a guerra civil da Síria - também têm ajudado em Jindayris.

"Os socorristas podem acabar sendo vítimas também por causa da instabilidade do prédio", diz Mohammed al-Kamel.

"Acabamos de retirar três corpos dos escombros e achamos que há uma família lá dentro que ainda está viva - vamos continuar trabalhando."

Mais de 3.000 mortes foram relatadas na Síria após o terremoto, que também atingiu a Turquia.

O número não inclui as mortes em áreas do país controladas por grupos rebeldes.