Réplicas
Nove horas após o primeiro terremoto, um outro de magnitude 7,5 atingiu a região, quatro quilômetros a sudeste da cidade de Ekinozu, segundo o USGS. Também houve cerca de 50 tremores secundários, de acordo com Ancara. Os abalos foram sentidos em países próximos, como Líbano, Israel e Chipre.
Já devastada por 12 anos de guerra, a vizinha Síria, contudo, foi a grande afetada. Damasco relatou 711 mortos e 1.431 feridos em áreas controladas pelo governo. Os Capacetes Brancos, que operam nas áreas controladas pelos rebeldes, registraram pelo menos 733 mortos e mais de 2,1 mil feridos nesses setores.
A agência síria de notícias Sana divulgou imagens que mostravam destruições significativas em várias cidades, entre elas, Latakia, na costa oeste do país, onde edifícios inteiros desabaram. A mídia pró-governo informou que vários prédios desmoronaram parcialmente em Hama, no centro do país, onde bombeiros e equipes de resgate tentavam retirar um sobrevivente dos destroços.
O chefe do Centro Nacional de Monitoramento Sísmico da Síria, Raed Ahmed, disse à rádio oficial que este foi, "historicamente, o maior terremoto já registrado". A Cidadela de Aleppo, onde está um dos mais antigos castelos medievais do mundo, e outros importantes sítios arqueológicos sofreram danos significativos.
Por questões de segurança, o gás foi cortado em toda a região atingida, devido a tremores secundários que poderiam provocar explosões. O Curdistão iraquiano suspendeu as exportações de petróleo através da Turquia como precaução. Segundo o vice-presidente turco, Fuat Oktay, pelo menos três dos aeroportos da zona afetada — Hatay, Maras e Gaziantep — foram fechados ao tráfego.
Ajuda internacional
A tragédia mobilizou a comunidade internacional. A União Europeia (UE) e muitos de seus países-membros anunciaram o envio de ajuda e equipes de resgate. O mesmo foi feito por Estados Unidos, França, Reino Unido, Israel, Índia, Azerbaijão e Ucrânia, além da Grécia, rival histórico da Turquia. Na ONU, representantes dos países fizeram um minuto de silêncio.
O papa Francisco manifestou sua "profunda tristeza" pelo ocorrido, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, disse que enviará equipes de resgate à Turquia e Síria após conversar com seus homólogos nos dois países. O presidente chinês, Xi Jinping, enviou suas condolências aos dois países. Erdogan, cuja forma de lidar com a tragédia pesará muito nas disputadas eleições de 14 de maio, pediu união nacional.
Em nota, o Itamaraty manifestou solidariedade e condolências às populações da Turquia e da Síria e às famílias das vítimas. "Por meio da Agência Brasileira de Cooperação e em coordenação com os países das áreas atingidas, o governo brasileiro está providenciando formas de oferecer ajuda humanitária às populações afetadas pelo terremoto", destacou o comunicado, assinalando que não havia informações sobre brasileiros mortos ou feridos.
Em sua rede social, a brasileira Rafaela Lopes, que mora em Adana, relatou os momentos de tensão. Casada com um turco, ela tem um filho de 1 ano e 10 meses. A família seguiu para a casa de parentes em uma localidade próxima. Ela contou que no terceiro tremor, 10 prédios desabaram em Adana. "É tudo muito triste. Está muito frio e as pessoas não têm para onde ir. Estão fazendo fogueiras no meio das ruas e ficando ali, esperando a situação melhorar", disse, emocionada.