A China pediu que seja tratada com "cabeça fria" a disputa sobre um balão chinês gigante que se dirige para o leste dos Estados Unidos.
O pedido de calma vem depois de os Estados Unidos identificarem um suposto balão de vigilância chinês sobrevoando locais que contêm informações importantes de segurança.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cancelou uma visita a Pequim, dizendo que a presença do balão de "vigilância" era "um ato irresponsável".
E os EUA disseram que identificaram um segundo balão chinês flutuando sobre a América Latina.
A China lamentou o balão sobre os EUA, dizendo que era um dirigível meteorológico que havia se desviado.
O objeto, visto pela última vez sobre o Missouri, deve chegar à costa leste dos Estados Unidos, perto das Carolinas, neste fim de semana, segundo expectativa dos EUA.
As autoridades dos EUA decidiram não abater o dirigível de grande altitude devido ao perigo de queda de destroços.
O incidente ocorre em meio a tensões desgastantes entre os EUA e a China.
Em um comunicado no sábado (4/2), o Ministério das Relações Exteriores da China disse que Pequim "nunca violou o território e o espaço aéreo de qualquer país soberano".
O comunicado diz que Wang Yi, alto funcionário de política externa da China, discutiu o incidente com Blinken por telefone, enfatizando que é importante manter os canais de comunicação em todos os níveis, "especialmente para lidar com algumas situações inesperadas de maneira calma e confiável".
Acrescentou que Pequim "não aceitaria nenhuma conjectura ou exagero infundado" e acusou "alguns políticos e mídia nos Estados Unidos" de usar o incidente "como pretexto para atacar e difamar a China".
De acordo com autoridades dos EUA, o dirigível flutuou sobre o Alasca e o Canadá antes de aparecer no estado americano de Montana, que abriga vários locais de mísseis nucleares sensíveis.
O incidente irritou altos funcionários dos EUA - Blinken disse que havia dito a Pequim que a presença do balão era "uma clara violação da soberania dos EUA e do direito internacional" e "um ato irresponsável". Ele chamou de "inaceitável" e "ainda mais irresponsável vir na véspera de uma visita há muito planejada".
Estava programada uma viagem de Blinken a Pequim de 5 a 6 de fevereiro para reuniões sobre questões como segurança, Taiwan e covid-19.
Teria sido a primeira reunião de alto nível EUA-China em anos. Mas na quinta-feira (2/2) autoridades de defesa dos EUA anunciaram que estavam rastreando um balão gigante de vigilância sobre o país.
Embora o balão estivesse, segundo o Pentágono, "viajando a uma altitude bem acima do tráfego aéreo comercial" e "não representasse uma ameaça militar ou física para as pessoas no solo", sua presença provocou indignação.
Na sexta-feira (3/2), a China finalmente reconheceu que o balão era sua propriedade, dizendo que era um dirigível civil usado para pesquisas meteorológicas, que se desviou de sua rota por causa do mau tempo.
Na noite de sexta-feira, o Pentágono disse que um segundo balão espião chinês foi avistado - desta vez sobre a América Latina.
"Estamos vendo relatos de um balão transitando pela América Latina. Agora avaliamos que é outro balão de vigilância chinês", disse o secretário de imprensa do Pentágono, Brig Gen Patrick Ryder. Ele não forneceu mais detalhes sobre sua localização.
Até agora, a China não fez comentários públicos sobre o segundo balão relatado.
'Sinal' de Pequim: o que dizem analistas
Os recursos do balão neste caso em particular não estão claros, mas especialistas dizem que pode ser mais um "sinal" do governo de Pequim do que uma ameaça à segurança.
"Pequim provavelmente está tentando enviar um sinal a Washington: 'Embora queiramos melhorar nossos laços, também estamos sempre prontos para uma competição sustentada, por qualquer meio necessário', sem inflamar severamente as tensões", disse o analista He Yuan Ming à BBC. "E que melhor ferramenta para isso do que um balão aparentemente inócuo", acrescentou.
Os balões são uma das formas mais antigas de tecnologia de vigilância. Os militares japoneses os usaram para bombardear os EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Eles também foram amplamente utilizados pelos EUA e pela União Soviética durante a Guerra Fria.
Mais recentemente, os EUA têm considerado adicionar balões de alta altitude à rede de vigilância do Pentágono. Balões modernos normalmente flutuam entre 24 e 37 quilômetros acima da superfície da Terra.
O Departamento de Defesa dos EUA disse na quinta-feira que o balão chinês estava "significativamente acima de onde passa o tráfego aéreo civil".
O especialista em China Benjamin Ho disse que Pequim tem disponível tecnologia de vigilância mais sofisticada que balões.
"Eles têm outros meios para espionar a infraestrutura americana, ou qualquer informação que queiram obter. O balão era para enviar um sinal aos americanos e também para ver como os americanos reagiriam", disse Ho, coordenador do programa da China na a Escola de Estudos Chineses na Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam de Cingapura.
Pode até ser que a China quisesse que os EUA detectassem o balão.
"É possível que ser descoberto fosse o ponto principal. A China poderia estar usando o balão para demonstrar que tem uma capacidade tecnológica sofisticada para penetrar no espaço aéreo dos EUA sem arriscar uma escalada séria. Nesse sentido, um balão é uma escolha bastante ideal", disse Arthur Holland Michel, da instituição Carnegie Council for Ethics in International Affairs.
As vantagens dos balões
No entanto, alguns especialistas apontam que os balões podem ser equipados com tecnologia moderna, como câmeras espiãs e sensores de radar, e seu uso para vigilância tem algumas vantagens, sendo a principal delas o fato de serem mais baratos e fáceis de usar do que os drones ou satélites.
A velocidade mais lenta do balão também permite que ele demore mais e monitore a área-alvo por períodos mais longos. O movimento de um satélite, por outro lado, é restrito à velocidade de sua órbita.
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