Rússia e Ucrânia apostaram no discurso de triunfo, ontem, no aniversário de um ano da guerra entre os dois países. "Se nossos parceiros cumprirem com suas palavras e respeitarem os prazos, uma vitória inevitável nos espera. Eu realmente quero que seja este ano", disse o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, após a chegada dos primeiros tanques pesados alemães Leopard 2. O ex-presidente russo e número dois do Conselho de Segurança, Dmitri Medvedev, por sua vez, afirmou que Moscou está disposto a seguir "até as fronteiras da Polônia" para sair vencedor. "Conquistaremos a vitória", escreveu Medvedev no Telegram.
Em meio a manifestações em vários países, homenagens às vítimas do conflito e novas sanções do Ocidente à Rússia, a data foi marcada pela divulgação de uma proposta de negociação de paz apresentada pela China — iniciativa recebida com ceticismo pelos Estados Unidos, pela União Europeia (UE) e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Num texto com 12 pontos, considerado genérico, Pequim exige cessar-fogo, respeito à integridade territorial — sem determiná-las — e o fim das sanções contra Moscou, que foram reforçadas, ontem, pelo Ocidente. O governo de Xi Jinping faz um apelo por diálogo, pede que os civis não sejam atacados e alerta que armas nucleares não devem ser usadas.
"Parece-me que, nesse plano, há respeito por nossa integridade territorial. Precisamos trabalhar com a China nesse ponto", afirmou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que mostrou-se disposto a participar de uma reunião com Xi.
A diplomacia russa afirmou "valorizar" os esforços da China, mas insistiu na necessidade de que o controle sobre as quatro províncias ucranianas anexadas seja reconhecido. Em setembro de 2022, Moscou anunciou a incorporação das oblasts (províncias) ucranianas de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson, situadas no leste e no sul do país.
Descrédito
Washington reagiu com descrença, Ao comentar a proposta, Jake Sullivan, assessor de segurança nacional do presidente Joe Biden, considerou que o documento chinês deveria "parar no ponto um", que é respeitar a soberania das nações. "A guerra poderia terminar amanhã se a Rússia deixasse de atacar a Ucrânia e retirasse suas forças", indicou Sullivan em entrevista à rede de tevê CNN.
Já o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, nem levou a proposta em consideração. "A China não tem muita credibilidade", assinalou, destacando que o país "não foi capaz de condenar a invasão ilegal da Ucrânia". Stoltenberg lembrou ainda que, dias antes da invasão, Pequim e Moscou assinaram "um acordo de amizade ilimitada" entre Xi e Putin.
A China tenta se posicionar como parte neutra no conflito, embora mantenha laços com a Rússia. Na quarta-feira, o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, reuniu-se na capital russa com o presidente russo e seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, durante uma visita para apresentar sua "solução política" para a guerra.
Em um resumo da reunião publicado pela agência estatal Xinhua, Wang afirmou que a China pretende "aprofundar a confiança política e reforçar a coordenação estratégica" com Moscou.
Para Manoj Kewalramani, analista do Instituto Takshashila de Bangalore, na Índia, A proposta chinesa mostra que Pequim "vê, claramente, o conflito na Ucrânia como um produto do que chama de mentalidade de Guerra Fria e de uma arquitetura de segurança antiquada na Europa".
Sanções
O G7 — grupo das sete nações mais industrializadas do mundo — ameaçou, ontem, com "altos custos" os governos que continuarem ajudando o Kremlin. O governo dos Estados Unidos anunciou novas sanções contra a Rússia, com medidas contra bancos e a indústria de defesa, para limitar o acesso do país a tecnologias estratégicas, como os semicondutores. A UE também aprovou sua décima rodada de sanções.
As tropas russas entraram na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Passados 12 meses desde a invasão, várias cidades ucranianas estão em ruínas, parte do país vive sob ocupação russa e o balanço de mortos e feridos em cada lado supera 150 mil, de acordo com estimativas dos países ocidentais.
Ao fazer um balanço do conflito, a presidente da Comissão Europeia, Ursual von der Leyen, afirmou que, Vladimir Putin "não alcançou sequer um" de seus objetivos em um ano de guerra. "Ao invés de apagar a Ucrânia do mapa, Putin enfrenta uma nação mais vigorosa que nunca", declarou Von der Leyen.
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