Cisjordânia

Tensão aumenta em Gaza após operação de Israel que deixou 11 mortos

Os disparos foram reivindicados pelo grupo palestino Jihad Islâmica. A ONU lamentou a violência e classificou a área como a 'mais explosiva em anos'

Agência France-Presse
postado em 23/02/2023 08:56
 (crédito: Zain Jaafar / AFP)
(crédito: Zain Jaafar / AFP)

Gaza, territórios palestinos - As forças de Israel e grupos armados palestinos na Faixa de Gaza entraram em conflito nesta quinta-feira (23/2), com lançamentos de foguetes e mísseis, um dia depois de uma operação israelense na Cisjordânia que deixou 11 mortos e mais de 80 feridos.

Onze palestinos, incluindo um adolescente de 16 anos, morreram na quarta-feira e mais de 80 foram feridos por tiros durante a incursão em Nablus, a mais violenta do exército israelense na Cisjordânia desde 2005.

Em um roteiro recorrente, a operação recebeu uma reposta a partir da Faixa de Gaza, com disparos de foguetes contra o território de Israel, que em seguida optou por bombardeios aéreos contra este território sob controle do movimento islamita Hamas desde 2007. Até o momento não foram registradas vítimas na troca de disparos das últimas horas.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, lamentou a violência e afirmou que a "situação no território palestino ocupado é a mais explosiva em anos".

A União Europeia pediu a "todas as partes que atuem para um retorno à calma e uma desescalada da tensão".

A Jordânia também fez um apelo por calma e afirmou que trabalhará "de maneira intensa com todas as partes" para acabar com a escalada de violência.

Desde o início do ano, o conflito provocou as mortes de 60 palestinos (incluindo membros de grupos armados e civis, incluindo menores de idade), de um policial e de nove civis israelenses (incluindo três menores de idade), além de uma ucraniana, de acordo com um balanço da AFP baseado nos dados oficiais dos dois lados.

"Nossa prioridade imediata deve ser evitar uma escalada ainda maior, reduzir as tensões e restaurar a calma", disse Guterres.

"Ato criminoso premeditado"

Antes do amanhecer de quinta-feira, no entanto, vários foguetes (oito de acordo com testemunhas israelenses e seis de acordo com o exército israelense) foram lançados a partir da Faixa de Gaza contra Israel.

Os disparos foram reivindicados pelo grupo palestino Jihad Islâmica, que convocou as "forças de resistência a responder sem hesitação ao grande crime", que na sua opinião foi cometido pelo exército israelense em Nablus.

As Forças Armadas do Estado hebreu afirmaram que interceptaram cinco foguetes com o sistema de defesa antiaérea. Depois foram executados bombardeios aéreos contra vários alvos em Gaza, incluindo uma instalação do Hamas.

Na quarta-feira à tarde em Nablus, milhares de pessoas, incluindo homens armados, compareceram aos funerais de nove vítimas da operação israelense. Outra pessoa foi sepultada no campo de refugiados palestinos de Balata.

A última vítima, de 66 anos, faleceu durante a noite vítima da inalação de gás lacrimogêneo, informou o ministério palestino da Saúde.

O exército israelense anunciou uma "operação antiterrorista" na zona autônoma palestina durante a qual "três suspeitos procurados e envolvidos em ataques armados, e que planejavam ataques em um futuro imediato, foram neutralizados".

Durante a operação, que durou quase quatro horas, manifestantes palestinos atiraram pedras e artefatos explosivos contra os soldados, informou o exército, que não registrou feridos.

Ao menos 82 pessoas foram hospitalizadas por ferimentos provocados por tiros, algumas delas em estado grave, de acordo com o ministério palestino. A Jihad Islâmica afirmou que um de seus combatentes está entre as vítimas.

A Cova dos Leões, grupo de combatentes com sede em Nablus, indicou que seis mortos eram integrantes de várias facções palestinas.

As tropas israelenses executam há quase um ano operações que apresentam como "antiterroristas" para buscar "suspeitos" no norte da Cisjordânia, em particular nas cidades de Jenin e Nablus, redutos de grupos armados.

O ministro palestino de Assuntos Civis, Husein al Sheikh, denunciou um "ato criminoso premeditado e bárbaro". Ele pediu à comunidade internacional uma intervenção imediata.

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