Foi uma visita breve, mas de grande simbolismo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, viajou, ontem, de surpresa, para Kiev, onde anunciou um pacote suplementar de ajuda no valor de US$ 500 milhões e reiterou seu apoio "inabalável" à Ucrânia frente aos invasores russos, comandados por Vladimir Putin. A quatro dias de a guerra completar um ano, o democrata prometeu ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, novas entregas de armas.
"Bem-vindo a Kiev, Joe Biden! A sua visita é um sinal extremamente importante de apoio a todos os ucranianos", exaltou Zelensky na plataforma Telegram. "Quando Putin lançou sua invasão, há quase um ano, ele pensou que a Ucrânia era fraca, e o Ocidente, dividido. Pensou que poderia nos superar. Mas ele estava errado", afirmou o americano. "Um ano depois, aqui estamos juntos, unidos ao povo da Ucrânia", acrescentou.
Biden chegou à capital ucraniana sob grande sigilo: a Casa Branca não revelou por qual meio ele se deslocou para lá, embora todos os líderes ocidentais o façam de trem pela Polônia. . "Sabia que voltaria (a Kiev)", disse o americano, que mantém relações com o país da época em que foi vice-presidente de Barack Obama.
A viagem é considerada sem precedentes para um presidente dos EUA a um país em guerra. E também a de maior expressão política feita por uma autoridade internacional ao território ucraniano desde o início do conflito, em 24 de fevereiro passado.
O Kremlin foi avisado da visita pouco antes de o democrata iniciar a viagem, considerada por analistas como um desafio ao presidente Vladimir Putin, que faz hoje seu discurso anual à elite política russa — a guerra deve ser o tema central.
"Notificamos os russos que o presidente Biden viajaria a Kiev. Fizemos isso algumas horas antes de sua partida para evitar conflitos", informou Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do democrata. Ele disse que não divulgaria a resposta de Moscou por motivos de segurança. Sullivan definiu a visita como uma confirmação do compromisso dos EUA com a ex-república soviética.
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Alertas
Sirenes antiaéreas soaram em Kiev durante a visita, segundo jornalistas da agência France Presse. Os alertas ocorreram quando os dois líderes depositaram uma coroa de flores no Muro da Memória pelos heróis caídos da guerra russo-ucraniana.
Em entrevista coletiva ao lado de Zelensky, Biden disse que os detalhes da ajuda suplementar serão divulgados nos próximos dias. Kiev precisa urgentemente de munições de longo alcance para sua artilharia e tanques para enfrentar uma nova ofensiva russa, bem como para reconquistar os territórios ocupados por Moscou no leste e sul do país.
"Acho que é fundamental que não haja dúvida sobre o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia", enfatizou Biden. Os novos carregamentos de armas prometidos por Biden são "um sinal inequívoco" de que a Rússia "não tem chances", avaliou Zelensky, que agradeceu a esperada entrega dos tanques americanos Abrams, anunciada há algumas semanas após longas discussões.
Nas redes sociais, o presidente da Ucrânia disse que a visita de seu homólogo americano representava um marco para o país. Foi o segundo encontro entre eles. Em dezembro, a poucos dias do Natal, Zelensky esteve em Washington. Foi recebido na Casa Branca e ovacionado no Congresso. "Essa conversa (com Biden) nos aproxima da vitória", declarou ontem o líder ucraniano.
Joe Biden expressou sua admiração pela resiliência dos ucranianos diante do invasor. "É mais do que heroico", destacou. O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, garantiu que a visita de Biden provou que "ninguém mais tem medo" da Rússia.
Para moradores de Kiev, a passagem de Biden pela cidade dá um novo fôlego para o país. "Os americanos estão clara e irrevogavelmente do nosso lado", disse Oksana Shylo, 50 anos. "É um bom sinal para o povo ucraniano, para a vitória", concordou Vladyslav Denysenko, 27 anos.
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Sanções
O presidente dos EUA também prometeu impor mais sanções à Rússia, numa nova ofensiva de frear a sanha de Putin. As estatísticas publicadas, ontem, sugerem que a economia russa está resistindo mais do que o esperado. O Produto Interno Bruto (PIB) do país contraiu 2,1% em 2022, segundo a Rosstat. Em setembro, o governo havia previsto uma contração de 2,9%.
A visita de aproximadamente uma hora foi encerrada pouco depois do meio-dia. De lá, Joe Biden seguiu para a Polônia, um dos principais aliados de Kiev na Europa. Em Tóquio, o premiê japonês, Fumio Kishida, anunciou que vai organizar uma reunião on-line do G7 no dia do aniversário da invasão para discutir novas ajudas à Ucrânia.
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Batalha por Bakhmut
Durante a visita de Joe Biden a Kiev, Moscou divulgou que suas forças capturaram uma cidade perto de Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde ocorre a batalha mais longa desde o início da ofensiva russa. O Ministério da Defesa russo garantiu que a Paraskoviivka foi "completamente libertada" por soldados voluntários auxiliados por tropas regulares, paraquedistas e artilharia. Cidade de relativa importância estratégica, Bakhmut vem sendo alvo das tropas russas há seis meses.