GUERRA NO LESTE EUROPEU

China nega que esteja considerando enviar armas para a Rússia

"A posição da China sobre a questão da Ucrânia pode ser resumida em uma frase: encorajar a paz e promover o diálogo", disse porta-voz chinês

Agence France-Presse
postado em 20/02/2023 12:14 / atualizado em 20/02/2023 12:14
 (crédito: ATTILA KISBENEDEK / AFP)
(crédito: ATTILA KISBENEDEK / AFP)

A China rejeitou nesta segunda-feira (20/2) como "falsas" as alegações dos Estados Unidos de que Pequim está considerando enviar armas à Rússia para ajudá-la na guerra contra a Ucrânia, reiterando um apelo ao diálogo para encerrar o conflito.

O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, disse em entrevista no domingo que há "preocupação" de que a China esteja considerando enviar "apoio letal" à Rússia para a ofensiva na Ucrânia.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse nesta segunda-feira que "são os Estados Unidos, e não a China, que estão constantemente enviando armas para o campo de batalha", quando questionado sobre as declarações dos EUA.

O porta-voz chinês exortou os Estados Unidos a "refletir seriamente sobre suas próprias ações e fazer mais esforços para acalmar a situação, promover a paz e o diálogo e parar de culpar os outros e espalhar informações falsas".

"A posição da China sobre a questão da Ucrânia pode ser resumida em uma frase: encorajar a paz e promover o diálogo", insistiu ele em uma coletiva de imprensa regular.

A ofensiva lançada pela Rússia contra a Ucrânia é uma questão difícil para a China, que tem buscado se posicionar como um país neutro, mas fornece apoio diplomático a Moscou, que é um aliado estratégico de Pequim.

"Está claro para a comunidade internacional quem está pedindo diálogo e lutando pela paz, e quem está atiçando o fogo", acrescentou Wang, reiterando o pedido de apoio da China para sua proposta de acabar com a guerra.

No sábado, a China anunciou que vai publicar esta semana uma proposta para encontrar uma "solução política" para a crise na Ucrânia, e o ministro das Relações Exteriores chinês disse que seu país está "do lado do diálogo".

Durante a Conferência de Segurança de Munique na semana passada, na Alemanha, Blinken já emitiu alertas da China sobre as "consequências" de fornecer ajuda à Rússia na guerra contra a Ucrânia.

Blinken encontrou-se com seu homólogo chinês, Wang Yi, em Munique, uma conversa que a diplomacia dos EUA descreveu como "franca e direta".

O secretário de Estado dos EUA o alertou sobre as "implicações e consequências" para a China se for descoberto que está fornecendo "apoio material" à Rússia na Ucrânia ou ajudando-a a escapar das sanções ocidentais por sua invasão, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

O chefe da diplomacia dos EUA alertou que isso causaria um "sério problema". No sábado, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, também questionou a neutralidade da China na reunião em Munique.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, alertou a China nesta segunda-feira que um eventual fornecimento de armas à Rússia para uso na Ucrânia é uma "linha vermelha" para as relações com o bloco.

Balão chinês 

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que seu país não aceitaria "que os Estados Unidos apontem o dedo para as relações entre China e Rússia, muito menos exerçam coerção e pressão".

O porta-voz da diplomacia chinesa também acusou os Estados Unidos de "espalhar informações falsas".

As acusações de Blinken coincidem com um período de tensão nas relações bilaterais com Pequim, depois que os Estados Unidos derrubaram um balão chinês que Washington disse ser um dispositivo de espionagem.

Pequim sustenta que o dispositivo era para fins civis e era um balão meteorológico que saiu do curso e entrou no espaço aéreo dos EUA.

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