Em Belarus, um país aliado da Rússia, um grupo de soldados observa um campo de treinamento coberto de neve nos arredores da capital, Minsk, enquanto tanques russos e soviéticos disparam à distância. Pintado em camuflagem branca, um novo tanque russo BTR-82A e um tanque soviético modernizado ecoam pelo campo enquanto disparam.
Os tanques são conduzidos por cadetes de uma academia de elite que transforma jovens em militares. O exército de Belarus, um país isolado de 9,5 milhões de habitantes, mostrou à AFP o campo de treinamento e sua principal academia militar em uma visita organizada.
Cresce o temor no país de que Minsk, que no ano passado permitiu que Moscou usasse seu território para enviar soldados à Ucrânia, se junte ao conflito.
O presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, disse na quinta-feira que estaria pronto para apoiar a Rússia se seu país fosse atacado, acusando Kiev de provocações.
Os cadetes do campo de tiro, cujos uniformes e capacetes ostentam a bandeira vermelha e verde de Belarus, participam de diversas simulações de combate. Eles também praticam a retirada de vítimas, arrastando pela neve um soldado que finge estar ferido.
No final do ano passado, Belarus e Rússia anunciaram a criação de uma força de resposta unificada com milhares de soldados russos que chegaram ao país.
Na quinta-feira, em rara reunião com a imprensa estrangeira, Lukashenko disse ter pedido a seu colega russo, Vladimir Putin, uma divisão adicional que ficaria sob seu comando.
Ele não revelou mais detalhes e viajou para Moscou no dia seguinte. No campo de tiro, o coronel Maxim Zhuravlev afirmou que o objetivo da academia é treinar "futuros defensores da pátria".
"Hoje estamos estudando a experiência de todos os conflitos modernos do mundo", explicou. "Estamos tirando o novo disso e tornando-o parte de nosso processo educativo".
Os oficiais que participaram da visita mantiveram um discurso cauteloso, recusando-se a discutir o papel de Belarus na ofensiva russa na Ucrânia.
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"Ameaça de guerra"
O medo de uma mobilização de recrutas, como a que a Rússia fez, cresceu no país autoritário, há muito tempo isolado do Ocidente por sanções.
Lukashenko garantiu que não pretende "enviar [seu] povo" para o sul da fronteira, mas insistiu na necessidade de estar preparado para a guerra.
"Se virmos uma ameaça de guerra, vamos nos mobilizar", declarou o governante, acrescentando que Belarus aprende com os "erros" russos.
Se Minsk convocar reservistas, "será melhor do que na Rússia", disse Lukashenko, especialmente porque Belarus é menor. Em uma sala de aula na academia militar nos arredores de Minsk, oficiais supervisionam cadetes enquanto simulam um combate em computadores.
Os treinadores indicam que se trata de uma "unidade informática" que faz programação para os militares do país. Neste mês, Lukashenko pediu o fortalecimento dessa unidade.
Minsk costumava ser um centro de tecnologia da informação, mas muitos especialistas deixaram o país devido à repressão maciça à oposição após a disputada reeleição de Lukashenko em 2020.
"De pé!", ordena um policial ao entrar na sala de aula, enquanto os cadetes uniformizados se levantam em uníssono de seus computadores. "Sentem-se!"
Em outra sala, os pilotos em treinamento recebem ordens dos controladores de tráfego aéreo em voos simulados.
Em toda a academia, há símbolos soviéticos e bielorrussos e também abundantes imagens patrióticas e da Segunda Guerra Mundial. "Conhecer a história militar ajuda a promover o pensamento tático", explica um oficial.
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