TRAGÉDIA

Estragos do terremoto afetam funcionários de hospital na Síria

O tremor que atingiu Síria e Turquia na última semana e deixou ao menos 35 mil vítimas, sobrecarregou os hospitais da região

Agence France-Presse
postado em 13/02/2023 14:35 / atualizado em 13/02/2023 14:37
 (crédito: OZAN KOSE / AFP)
(crédito: OZAN KOSE / AFP)

O enfermeiro Abdel Baset Khalil não conseguiu salvar sua família, que ficou soterrada sob os escombros de sua casa, mas continua tratando as centenas de feridos pelo terremoto em um hospital de Harim, uma cidade síria próxima à fronteira com a Turquia.

O tremor que atingiu os dois países na última semana e deixou ao menos 35 mil vítimas, sobrecarregou os hospitais desta região, que já careciam de funcionários, equipamentos e remédios.

"Eu estava ajudando pessoas no hospital enquanto minha esposa e minhas duas filhas estavam debaixo dos escombros, não podia fazer nada por elas", contou à AFP o anestesista de 50 anos que trabalha em um hospital de Harim.

No momento do terremoto, Khalil saiu correndo de seu local de trabalho e percebeu que sua casa havia desabado.

Sem conseguir ajudar sua própria família, voltou ao hospital, onde não só pessoas feridas chegavam em grande quantidade, mas também mortos pelos desabamentos, como o diretor administrativo do hospital e o chefe de enfermaria.

"O primeiro dia foi muito difícil, muito difícil, foi como se 50 anos tivessem passado em um só dia", lembra o enfermeiro. Nos dias posteriores, aproveitava os raros momentos de descanso para ir até o que restou de sua casa com o objetivo de retirar os escombros.

Sua esposa e suas duas filhas foram encontradas sem vida dois dias após o terremoto. Para Khalil, o pequeno "consolo" é poder visitar seus túmulos, ao contrário de centenas de pessoas que ainda têm seus familiares presos nos escombros.

No momento, mal consegue dormir após o "horror das cenas" que presenciou, mas garante que continuará trabalhando no hospital "para ajudar", diz, enquanto vê fotos de sua esposa e suas filhas no celular.

Falta de suprimentos

Desde as primeiras horas dos tremores, o pequeno hospital de Harim ficou superlotado com um grande fluxo de vítimas. "O hospital foi projetado para tratar feridos em ataques aéreos e a capacidade não passa das 30 pessoas", contou o cirurgião Mohamad Al-Badr.

"A situação era tão difícil que os pacientes dormiam no chão das enfermarias e nos corredores", descreveu. Após o terremoto, a unidade recebeu cerca de 2.500 feridos, dos quais 390 não resistiram, segundo Hasan Al-Hamdo, um cirurgião ortopédico.

Assim como outros na região, este ambulatório sofre com a falta de suprimentos e equipes. "O hospital recebeu muitos casos que exigem exames de imagem, que não estão disponíveis" no momento, diz Al-Hamdo.

Em comunicado publicado na última sexta-feira (10/2), a ONG Comitê Internacional de Resgate alertou para um risco de colapso no sistema de saúde no noroeste da Síria, uma região sob controle dos rebeldes.

A organização reitera a falta de suprimentos para emergências hospitalares como soros, curativos, analgésicos e "bolsas mortuárias".

"A não ser que obtenhamos urgentemente mais fundos, suprimentos e acesso humanitário sem obstáculos, os resultados serão catastróficos", alerta a ONG.

No hospital de Salqin, outra cidade próxima à fronteira turca, Hasan Julak, especialista em cirurgia ortopédica, conta que entre 800 e 1000 feridos, a maioria tem fraturas ocasionadas pelos desabamentos.

"Quinze minutos depois do terremoto, os feridos começaram a chegar em grande quantidade, superando a capacidade do hospital", disse. A guerra civil na Síria, que começou há quase 12 anos, destruiu a maioria da infraestrutura de saúde no país, especialmente nas áreas controladas por rebeldes no noroeste do país.

Notícias gratuitas no celular

O formato de distribuição de notícias do Correio Braziliense pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Não é preciso ser assinante para receber o serviço. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Correio, clique no link abaixo e entre na comunidade:

Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE