GUERRA NO LESTE EUROPEU

Com invasão russa prestes a completar 1 ano, Putin escala ataques à Ucrânia

As autoridades ucranianas vêm declarando há vários dias o temor de uma investida de grandes proporções das tropas russas, que aqueceram a pressão na frente de batalha, no leste do país

Correio Braziliense
postado em 11/02/2023 06:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

No dia seguinte à visita do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a instituições da União Europeia (UE), a Rússia fez, ontem, um "ataque em larga escala" à ex-república soviética, tendo como principais alvos instalações de energia. O líder ucraniano insistiu que "vários mísseis" sobrevoaram a Romênia e a Moldávia e que o ataque representava "um desafio à Otan". Bucareste negou a informação, mas a Moldávia confirmou que um artefato passou por seu território e convocou o embaixador russo para denunciar uma "violação inaceitável" de seu espaço aéreo.

O novo ataque acontece ao fim de uma semana de intenso trabalho diplomático por parte de Zelensky, em busca de mais apoio contra Moscou, às vésperas de a guerra completar um ano. O presidente ucraniano foi a Londres e Paris, na quarta-feira, e a Bruxelas, no dia seguinte, para pedir aos aliados europeus mísseis de longo alcance e caças.

As autoridades ucranianas vêm declarando há vários dias o temor de uma investida de grandes proporções das tropas russas, que aqueceram a pressão na frente de batalha, no leste do país. Denis Pushilin, um dos chefes dos separatistas pró-Moscou, afirmou que as tropas de Vladimir Putin avançaram em direção à zona norte de Bakhmut (leste), uma cidade que a Rússia tenta conquistar há meses. Também ganharam força na zona sul de Vuhledar, outro ponto de concentração dos combates na frente leste.

Explosões

A Força Aérea ucraniana informou ter interceptado, ontem, 61 mísseis dos 71 disparados pela Rússia contra seu território. Na capital, Kiev foram ouvidas várias explosões. As sirenes antiaéreas foram acionadas e os moradores procuraram refúgio nas estações de metrô. Segundo o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, os bombardeios não causaram vítimas, mas danificaram a rede elétrica.

Desde outubro e após várias derrotas no campo de batalha, Moscou tem mirado com frequência as infraestruturas energéticas ucranianas, deixando milhões de pessoas sem luz ou calefação em pleno inverno no hemisfério norte. De acordo com o Ministério da Energia, várias centrais em seis províncias da Ucrânia foram atingidas pelos bombardeios.

A situação é especialmente "difícil" em Zaporizhzhia (sul), Kharkiv (nordeste) e Khmelnitsky (oeste). Apagões preventivos de emergência foram adotados em vários setores para evitar uma sobrecarga da rede elétrica, o que pode provocar ainda mais danos, segundo o ministério.

"Basta de palavras e hesitações políticas", tuitou Mykhailo Podoliyak, conselheiro da Presidência ucraniana, que pediu aos aliados do país "decisões rápidas" sobre o fornecimento de armas potentes. Os últimos grandes ataques russos haviam acontecido no fim de janeiro, após a decisão das potências ocidentais de enviar tanques pesados ao Exército ucraniano.

Em Moscou, atento à movimentação de apoio ao país invadido, o Kremlin anunciou que o presidente Vladimir Putin fará seu discurso sobre o Estado da Nação em 21 de fevereiro — três dias antes do primeiro aniversário da ofensiva na Ucrânia, que será um dos temas centrais. Tradicionalmente, o pronunciamento apresenta um balanço do ano anterior e estabelece os planos estratégicos para os próximos meses. Em 2022, o discurso foi cancelado devido à ofensiva russa na Ucrânia.

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