Paris, França- Agricultores a bordo de várias centenas de tratores chegaram a Paris nesta quarta-feira (8/2) para participar de uma manifestação denunciando as restrições ao uso de pesticidas e outras obrigações que pesam sobre o setor.
"Cerca de 500 tratores e mais de 2.000 camponeses" devem marchar no sudoeste da capital francesa até a 'Esplanade des Invalides', no centro da cidade, segundo a FNSEA, o mais importante sindicato agrícola.
O estopim dos protestos foi a decisão do governo francês, em 23 de janeiro, de renunciar à autorização de inseticidas neonicotinoides para o cultivo de beterraba-sacarina, após uma decisão do tribunal de Justiça da União Europeia que considera ilegal qualquer exceção.
Os neonicotinoides, tóxicos para as abelhas e proibidos desde 2018, eram uma exceção há dois anos. Isso permitiu que fossem aplicados preventivamente em sementes de beterraba para evitar icterícia, uma doença viral transmitida por pulgões.
"Como usuário de neonicotinoides, não sinto que estou envenenando o mundo", disse, irritado, Damien Greffin, produtor e ativista sindical.
"Queremos mostrar ao governo que os meios de produção não podem ser banidos sem alternativa", acrescentou outro agricultor, Cyril Milard.
A Confederação Camponesa, terceiro sindicato do setor, não aderiu ao protesto. Em nota, lamentou a rejeição de "qualquer avanço ecológico".
"A ambição de progresso social enfrenta as posições mais reacionárias e conservadoras", destacou a organização, considerada de esquerda.
A ONG ambiental Gerações Futuras lembrou que os neonicotinoides são "mais tóxicos que o temido inseticida DDT", proibido na década de 1970, e denunciou práticas "dignas da agricultura dos anos 1960, não dos anos 2020".
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